Advogar para políticos tem se mostrado um excelente negócio. Por um triz, o advogado de Aécio Neves (PSDB-MG), Carlos Velloso, não virou Ministro da Justiça. Já o advogado de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) está a um degrau do Supremo Tribunal Federal (STF). Além de absolver o deputado cassado em uma ação na Corte, o ministro da Justiça Alexandre de Moraes, então secretário de Segurança paulista, resolveu com discrição e velocidade singulares o caso do hacker que chantageou Marcela Temer em abril, auge da discussão do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara.
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Talvez nesta safra, em breve seja recompensado Gustavo Rocha, ex-defensor de Cunha e advogado da primeira-dama. Conflito de interesses é algo ignorado no Planalto. Na quase nomeação de Velloso, mesmo com o verniz que ter sido presidente do STF confere à sua biografia, o pouso na Justiça traria questionamentos éticos. A desistência livrou Michel Temer das perguntas.
A Polícia Federal, braço das investigações da Lava-Jato, responderia ao advogado de Aécio, sendo que Velloso não cobra honorários para defendê-lo em inquéritos derivados da delação do ex-senador Delcídio Amaral, relatados pelo ministro Gilmar Mendes, outro parça do tucano. Nem o mais ingênuo dos ingênuos acreditaria neste almoço grátis na véspera dos pedidos de apurações baseados na delação da Odebrecht. Sem Velloso, Temer recomeça a procura por um ministro. Não será surpresa se o escolhido advogue por interesses mais particulares do que republicanos.
Quase lá
Indicado ao STF, Alexandre de Moraes já pode colocar o chope para gelar. Na sabatina de amanhã no Senado, tende a ser aprovado com, pelo menos, 15 dos 27 votos da CCJ. No plenário, pode passar dos 60 votos – são necessários 41.
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Rodízio
Depois de atrair Lasier Martins (RS), o PSD trabalha para garantir a filiação de Acir Gurgacz (RO). Se isso se concretizar, seria o fim do PDT no Senado, pelo menos até que outro senador queira migrar para o partido de Carlos Lupi.
Carimbo
Agências como Moody’s e Standard & Poor’s avisaram à equipe econômica de Temer que a possibilidade de retomada do selo de bom pagador do Brasil está longe. O carimbo passa pela aprovação da reforma da Previdência.