
A possível cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) não será o desfecho da trajetória do deputado que foi de operador influente nos bastidores a poderoso presidente da Câmara. Sem foro privilegiado, ele será preso na Lava-Jato? Tentará delação premiada? Cumprirá as ameaças de complicar antigos aliados e o governo Michel Temer? Se perder o mandato, o peemedebista tentará preservar a família. Um político capaz de, na barganha por autoproteção no Conselho de Ética, deflagrar o processo que derrubou a presidente da República, será tão ou mais ousado para salvar mulher e filha. Na votação de hoje, o ex-presidente da Câmara trabalha por faltas e abstenções. Tem esperanças e vai manobrar. Por ironia, tende a ser punido pela lógica que derrubou Dilma Rousseff. Muitos parlamentares votaram a favor do impeachment em razão do ¿conjunto da obra¿. O mesmo deve ocorrer com Cunha. Citado em delações por envolvimento nos desvios da Petrobras, réu no STF e afastado do mandato pela Corte. O conjunto supera a mentira sobre suas contas na Suíça. Confirmada a perda do mandato, como projetam os próprios escudeiros do ex-presidente, estará decretado o epílogo político de Cunha. Sua novela ainda terá novos e conturbados capítulos.
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REAJUSTE I

Para segurar a pressão pelo reajuste do salário dos ministros do STF, o Planalto conta com a nova presidente da Corte, Cármen Lúcia. Michel Temer esperou a saída de Ricardo Lewandowski, pró-aumento, para se declarar contrário à medida. Se Cármen Lúcia abençoar o reajuste, o que não é esperado, o governo não comprará a briga no Congresso.
REAJUSTE II

Governadores prestigiam hoje a posse de Cármen Lúcia e, amanhã, reúnem-se com ela. Pretendem expor o efeito cascata nas contas dos Estados do reajuste dos ministros. José Ivo Sartori (PMDB-RS) vem a Brasília. Além da passagem pelo STF, o governador peregrina em busca de recursos para o caixa do Piratini. Terá conversa com Eliseu Padilha(Casa Civil).
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POUPANÇA
Cota do PTB no governo, a Conab tem nomeado indicados pelo PP. O que dizem pelos corredores é que o líder da bancada petebista, Jovair Arantes(GO), teria trocado os cargos pelo apoio do PP na eleição à presidência da Câmara, marcada para 2017.
Por Guilherme Mazui