O aparecimento cada vez mais frequente de doenças como câncer de tireoide, diabetes e até doenças de diferenciação sexual, como genitália ambígua, pode estar associado ao uso de agrotóxicos e outras substâncias químicas. A suspeita levou a Sociedade Brasileira de Endocrinologia a participar da elaboração de um guia para ajudar a população a identificar essas substâncias e reduzir a exposição.

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A publicação mostra os impactos causados por essas substâncias e foi lançada em Florianópolis nesta quinta-feira (23). O material está disponível no site da entidade e pode ser baixado gratuitamente.

Contaminação

Conforme o documento, entre as substâncias, ou desreguladores, que podem estar relacionadas ao adoecimento da população, estão, por exemplo, os pesticidas industriais que atingem o solo ou as águas subterrâneas e contaminam a água e os alimentos.

Alguns cosméticos, produtos de higiene pessoal, anti-bacterianos, protetores solares, medicamentos e outras diversas substâncias também estão na lista.

— O bisfenol A, por exemplo, foi proibido em chupetas e mamadeiras no Brasil porque é uma substância que quase se tem certeza que faria muito mal para os bebês. Ele está também no plástico, no vinil e outras coisas que tocamos – detalhou o médico Alexandre Hohl, presidente do Congresso Brasileiro de Metabologia e Endocrinologia onde o guia foi lançado.

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Conforme Hohl, as alterações na tireoide estão entre os problemas mais frequentes após o contato com essas substâncias, também chamadas de desreguladores.

— Além de compreender os desreguladores, queremos tentar tocar o coração das autoridades para que a gente tenha mecanismos, como em países da Europa que proíbem cada vez mais substâncias podem fazer mal para a população — explicou.

Agrotóxicos

Para Alexandre Hohl, o país precisa reduzir o uso de agrotóxicos e encontrar outras formas de produzir alimentos.

— A cadeia alimentar fica toda contaminada. Concordo com a proposta do governador (Carlos Moisés da Silva) a tributação (sobre os agrotóxicos) deveria ser feita, assim como deveria ter tributação sobre bebidas açucaradas, os refrigerantes, para a diminuição do consumo, um dos causadores da obesidade — afirmou.

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O guia é uma iniciativa da Endocrine Society e do IPEN, uma rede global de 700 organizações não-governamentais.