O novo modelo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), usado desde 2009 como forma de seleção para ingresso na maioria das universidades federais, ainda gera dúvidas sobre o sistema de avaliação e conteúdo cobrado. Para esclarecer como funciona a prova e o que é exigido dos candidatos, Mateus Prado e Paulo Jubilut lançam neste sábado, dia 23, na Bienal do Livro de São Paulo o Guia ENEM.
Continua depois da publicidade
Após dois anos de pesquisa, os professores identificaram que o Enem não cobra tudo o que é visto no Ensino Médio. Há assuntos que caem todos os anos e outros que apareceram uma vez em 6 anos de prova. O resultado é um material extenso e didático, que ajuda os alunos a otimizarem seu tempo de estudo e auxilia os professores a priorizar o conteúdo mais relevante para a prova.
Em Santa Catarina, o professor Jubilut é velho conhecido dos estudantes. A rotina mudou quando ele deixou as turmas de cursinho e passou a publicar videoaulas na internet. O conteúdo se popularizou no seu site, o Biologia Total e no YouTube. Com mais de 240 mil inscritos, o canal rendeu o prêmio Silver Play Button, espécie de “disco de prata” fornecido pelo site. No Facebook, Jubilut também é sucesso: a página “Biologia com o Prof. Jubilut”, que divulga exercícios, conteúdo e curiosidades, atingiu nesta semana um milhão de seguidores.
Entrevista: “O ensino terá de mudar”
Fenômeno na web, o professor de Florianópolis, Paulo Jubilut, defende que o Enem não é só uma prova de questões recheadas de gráficos, nem baseada unicamente em assuntos do noticiário. Além de cobrar o conteúdo de modo diferenciado, a prova apresenta leque menor de assuntos, o que permite um trabalho mais aprofundado e atenlção ao desenvolvimento de habilidades, como o senso crítico
Continua depois da publicidade
Diário Catarinense – Qual a diferença do Enem para o vestibular tradicional e o que o livro de vocês acrescenta?
Paulo Jubilut – É a quantidade de conteúdo. E isso é excelente porque o Enem tem uma matriz fixa, nós sabemos o que vai cair na prova. Vai cair questão de genética, síntese proteica, mas não botânica. Porque que eu vou dar planta, então? Por causa do vestibular, o Ensino Médio tem que ensinar tudo. Aí você sobrecarrega o aluno, ele fica com ansiedade, estressado, com a sensação de que nunca vai dar conta. Nós temos aí um livro mostrando: está aqui, não cai tudo, então não precisa mais ensinar tudo.
DC – No livro vocês explicam a matemática da nota do Enem. Qual a importância de entender esse método?
Jubilut – Isso tem a ver com questões fáceis e difíceis. Um cara acertou 10 fáceis e outro acertou 10 difíceis, mas errou as fáceis, o que acertou as fáceis pontua mais. Se você acerta uma difícil sem acertar a fácil, o Enem entende que você chutou e aí você ganha menos pontos.
Continua depois da publicidade
Por exemplo, Ciências da Natureza, que é a minha área, qual é a mais difícil das três? Física, Química e, por último, Biologia. Teoricamente, se fosse no vestibular tradicional, Biologia é o que menos importa. Só que no Enem ela é o que mais importa, porque se você errar as questões que são fáceis de meio ambiente, os acertos em Química e Física não vão te dar tantos pontos.
O aluno tem que pensar: primeiro eu tenho que ter uma excelente noção do ?geralzão?. Depois, sobrou tempo? Agora vou estudar este assunto mais difícil.
DC – O novo modelo do Enem mudará a forma como o conteúdo é passado em sala?
Jubilut – Vai ter que mudar. Hoje a base do Enem é a leitura. Em questões de Matemática, Física, às vezes é só entender o que o texto está falando que você consegue acertar a questão. Ele quer saber mesmo se você sabe ler, se entende o que lê e se tem senso crítico – isso se vê na redação. E a prova é muito cansativa. Eu brinco com o aluno: você não leu nunca, aí senta pra fazer uma prova de cinco horas. O mais importante é desenvolver o hábito da leitura. Vamos incentivar a leitura, produção de texto, desenvolver o senso crítico dos alunos – que é isso que o Enem pede.
DC – Qual a vantagem de usar vídeos e aplicativos para estudar?
Jubilut – O cara consegue aprender muito mais em um menor espaço de tempo. Eu defendo as videoaulas, porque a videoaula é tempo de bola rolando: ela é só aula. Não tem o cara que tá falando, nem o coordenador que entra para dar aviso, nem a montagem do datashow… Hoje ele consegue absorver mais rápido com as tecnologias do que no meu tempo, quando a gente só tinha a sala de aula. Só tem que tomar cuidado para não se perder.
Continua depois da publicidade