A queda do dólar registrada nos últimos dias fez a moeda americana ficar abaixo dos R$ 5 pela primeira vez desde julho. A desvalorização chegou a aumentar a expectativa por uma possível redução nos preços, em especial da gasolina.
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Com a política de preços de paridade internacional adotada nos últimos anos pela Petrobras, quando o dólar sobe, o preço dos combustíveis também aumenta. Por isso, quando o dólar cai, imediatamente surgem os questionamentos se a gasolina também irá acompanhar esse movimento e ficar mais barata.
Na prática, porém, a situação é mais complexa. O economista da Furb, Jamis Antônio Piazza, explica que além do dólar, outra variante importante no preço da gasolina é o valor do barril de petróleo no mercado internacional.
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E se por um lado o câmbio passou a ser um fator favorável com a queda do dólar registrada até a quarta-feira, por outro o barril de petróleo vem aumentando nessas primeiras semanas de 2022. Fatores como a possibilidade de guerra entre Rússia e Ucrânia, com envolvimento de Estados Unidos e Europa, aumentam a tensão e também geram pressão sobre o petróleo.
Se a instabilidade continuar e o barril de petróleo continuar subindo, é possível que a gasolina sofra até mesmo aumentos, mesmo no atual cenário de queda do dólar.
— Se o preço do barril de petróleo continuar aumentando, mesmo com uma valorização do real perante o dólar, existe possibilidade grande de continuar tendo aumento do combustível — explica o economista.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Blumenau (Sinpeb), Júlio César Zimmermann, explica que os postos até têm alguma expectativa de um possível impacto nas distribuidoras, mas que até o momento não há nenhum sinal de redução.
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— A gente está esperando… Mas ontem a distribuidora aumentou dois centavos dizendo que é porque o etanol subiu e o barril do petróleo chegou a 100 dólares. Vamos aguardar — afirma.
Guerra na Ucrânia eleva dólar e petróleo
Para piorar a situação, o início dos ataques da Rússia sobre a Ucrânia nesta quinta-feira (24) aumentou de vez a tensão mundial e fez aumentar não só o petróleo, mas também a cotação do dólar no Brasil. Às 14h desta quinta, o barril de petróleo era vendido a 102 dólares (maior valor desde 2014). Já a moeda americana, que baixou de R$ 5,32 a R$ 5 nos últimos 20 dias, voltou a ter alta de quase 3% e era negociada a R$ 5,14 às 14h desta quinta.
A economista da Univille, Jani Floriano, confirma que o aumento do barril do petróleo com a tensão do Leste Europeu deve ter papel preponderante no preço da gasolina no Brasil.
— A gente vai ter uma queda na produção, com volume menor de extração, e, além disso, uma insegurança maior de algumas petroquímicas que vão precisar comprar esse petróleo e não sabem de que país comprar. Isso vai fazer com que o preço do barril de petróleo aumente —avalia.
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Além disso, a economista acrescenta a essa equação o aumento da demanda interna por combustíveis no Brasil. Isso é causado pela retomada da atividade econômica. Com mais gente precisando de gasolina e diesel para deslocamentos e transporte de mercadorias, a gasolina também tende a “valer mais” — ou seja, ficar mais cara.
Com isso, é provável que a oscilação do dólar registradas nos primeiros dias dessa semana sequer surta efeito sobre o preço da gasolina.
— Eu acredito que hoje o câmbio não vai fazer nem cócegas na queda do preço do combustível do mercado brasileiro, infelizmente. Então a gente pode ter um fato favorável, sim, que seria a redução do câmbio, mas tem dois fatos negativos em relação aos preços no Brasil, que são a pressão de demanda pelo combustível e também essa crise internacional com o aumento do barril de petróleo — avalia.
SC começou ano com estabilidade na gasolina
Depois de um ano em que a gasolina aumentou 41% em SC, a maior alta em 15 anos, 2022 começou com um cenário de estabilidade no preço da gasolina no Estado. A última pesquisa da Agência Nacional de Petróleo (ANP) apontou que o preço médio da gasolina comum foi de R$ 6,51. O levantamento tem dados de 237 postos catarinenses coletados de 13 a 19 de fevereiro.
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O valor mais recente é menos de 1% maior do que o registrado no levantamento da primeira semana de 2022, que indicou o preço de R$ 6,45. Nesse período, houve apenas um reajuste anunciado pela Petrobras, ocorrido em 11 de janeiro – 4,85% na gasolina e 8,08% no diesel. A variação verificada no combustível de lá para cá foi decorrente, em grande parte, da alta no barril de petróleo, causada pela instabilidade no cenário internacional.
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