A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou, nesta quinta-feira, ataques aéreos e disparos de foguetes que atingiram em 2015 mais de 60 centros apoiados pela ONG na Síria e que “dizimaram” as infraestruturas sanitárias do país.
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Os mais de 90 bombardeios registrados em 2015 deixaram completamente destruídos 12 dos centros atingidos, afirma a MSF em um comunicado divulgado nesta quinta-feira.
“Cinco anos de guerra na Síria dizimaram as infraestruturas sanitárias”, constatou a organização em seu comunicado.
“Hoje, na Síria, o anormal é agora normal, o inaceitável é aceito”, declarou Joanne Liu, presidente internacional da MSF diante da ONU, em coletiva de imprensa em Genebra, após ser divulgado o texto, um dia depois de um bombardeio que deixou ao menos 25 mortos.
Referindo-se a este bombardeio que matou ao menos “nove funcionários e 16 civis” na segunda-feira na província rebelde de Idleb, Liu completou: “Este ataque só pode ser considerado deliberado. Provavelmente foi realizado pela coalizão liderada pelo governo sírio já que é o ator dominante e mais ativo na região”.
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O observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), uma ONG com sede na Grã-Bretanha, atribuiu o bombardeio a aviões russos, mas Moscou desmentiu ter atacado qualquer hospital.
Liu, por sua parte, mostrou-se prudente sobre uma possível participação russa no bombardeio, destacando que a MSF gostaria de entender com precisão o ocorrido.
No centro, com 30 leitos, duas salas de operação, um serviço de consultas externas e uma sala de emergência, trabalham 54 pessoas.
A MSF apoia esta estrutura desde setembro de 2015, fornecendo material médico e cobrindo seus custos de funcionamento. Igualmente apoia outros 152 hospitais em toda Síria.
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Liu também declarou que “a MSF recolheu durante 2015 dados médicos de 70 clínicas e hospitais os quais apoia na Síria. Mais de 154.000 pessoas que apresentavam feridas de guerra receberam tratamento no ano passado. Destas, entre 30% e 40% eram mulheres e crianças”, completou.
Além disso, “os feridos e mortos fora dos centros de saúde apoiados pela MSF continuam sendo incalculáveis. A situação real é, muito provavelmente, muito, muito pior”, criticou.
“Somos testemunhas de um fracasso mundial coletivo. Deve ser colocado um fim nos ataques contra os centros de saúde e outros alvos civis”, insistiu.
Para Liu, “o Conselho de Segurança da ONU e todas as potências envolvidas na região devem fazer mais (…) pelo simples motivo de salvar vidas”, declarou.
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Por último, Liu repetiu “nossa exigência de que cessem os bombardeios nas zonas sitiadas”.
Dezenas de caminhões carregados de comida e medicamentos chegaram na quarta-feira a várias cidades sitiadas da Síria, onde centenas de milhares de pessoas sobrevivem em condições dramáticas.
Na Síria, quase meio milhão de pessoas vivem em zonas sitiadas e 4,6 milhões em áreas de difícil acesso, segundo o Escritório das Nações Unidas para Ajuda Humanitária (Ocha, na sigla em inglês).
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