O chefe da Comissão Presidencial para os Direitos Humanos da Guatemala (Copredeh), Victor Godoy, informou neste sábado que renunciou ao cargo em repúdio à expulsão fracassada de um comissionado da ONU por ordem do presidente Jimmy Morales.
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Godoy afirmou que tomou essa decisão porque “não compartilha a postura” do presidente, que no domingo passado declarou persona non grata o titular da Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala (Cicig), o colombiano Iván Velásquez, e ordenou sua expulsão imediata.
Godoy detalhou que redigiu a renúncia “irrevogável” na segunda-feira, um dia depois da decisão presidencial, mas que esta se tornou efetiva na sexta-feira.
O ex-chefe da Copredeh explicou que abandonou seu cargo porque queria “deixar preparadas as audiências perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos que se realizarão de 4 a 8 de setembro na Cidade do México”.
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A ordem presidencial foi suspensa definitivamente na última terça-feira pela Corte de Constitucionalidade (CC), máxima instância judicial do país, em meio a um terremoto político que gerou manifestações de rejeição à decisão de Morales.
O presidente acusou Velásquez de ingerência nos assuntos de Estado e de extrapolar suas atribuições, mas a medida foi criticada porque foi anunciada dois dias depois de que a Cicig e a Procuradoria pediram a suspensão dos foros de Morales para que ele pudesse ser investigado criminalmente por financiamento ilícito de sua campanha na eleição de 2015.
A tentativa de expulsão do presidente já tinha provocado a renúncia da cúpula do Ministério da Saúde e de um alto funcionário comercial do governo, enquanto que o chanceler Carlos Raúl Morales foi destituído.
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O governo assegurou que não voltará a declarar persona non grata o comissionado e que tudo se resolverá através da secretaria-geral da ONU.
Velásquez afirmou na quinta-feira que continuará à frente da missão anticorrupção da ONU após a resolução da CC que proíbe sua expulsão da Guatemala.
* AFP