A justiça da Guatemala abriu um processo penal contra 11 militares reformados acusados de graves violações dos direitos humanos durante a guerra civil que sacudiu o país entre 1960 e 1996, informou nesta segunda-feira uma fonte judicial.

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A presidente do Juizado A de Maior Risco, Claudette Domínguez, disse ao longo de uma audiência de vários dias que decidiu iniciar o processo depois de escutar as partes e dar valor às provas apresentadas pela Promotoria contra os militares.

No último dia 6 de janeiro, foram detidos 14 militares reformados acusados de participar de ao menos 88 massacres indígenas durante o conflito armado interno, sobretudo no departamento de Alta Verapaz (norte).

Na mesma data, foram detidos outros quatro militares reformados acusados da desaparição forçada do adolescente Marco Antonio Molina Theissen, em 1981, mas este caso está em outro processo.

Entre os processados está Benedicto Lucas, ex-chefe do Estado-Maior do Exército durante a presidência de seu irmão Romeo Lucas (1978-1982), cujo governo é considerado um dos mais obscuros durante o conflito de 36 anos.

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A juíza ordenou a prisão preventiva dos militares durante três meses, tempo que a promotoria terá para continuar com a investigação e fundamentar a acusação para levá-los a um julgamento oral e público.

Parte da investigação da promotoria se fundamenta na descoberta, entre 2012 e 2015, de 558 ossadas de crianças, adultos e idosos localizadas em um antigo acampamento militar em Alta Verapaz, das quais 97 foram identificadas com testes de DNA.

O antigo quartel militar, localizado na cidade de Cóban, foi transformado em Comando Regional de Treinamento de Operações de Paz das Nações Unidas.

Pelo mesmo caso, a promotoria apresentou uma solicitação à Justiça para que seja retirada a imunidade do militar reformado e deputado Edgar Ovalle, membro do partido FCN-Nación (direita), ao qual pertence o presidente Jimmy Morales.

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A guerra interna guatemalteca deixou 200.000 mortos e desaparecidos, segundo um relatório das Nações Unidas, que responsabilizou as forças do Estado de 93% dos massacres.

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