Pequenas, tímidas e raras. Moradoras da costa brasileira, inclusive da Baía da Babitonga, em Santa Catarina, as toninhas são uma espécie de golfinho consideradas em perigo crítico de extinção no país. Para contribuir com a preservação deste animal, foi criado há mais de 20 anos o projeto Toninhas do Brasil que desenvolve trabalhos para contribuir no salvamento da espécie.

Continua depois da publicidade

Receba notícias de Joinville e região no WhatsApp

Nascido no Norte catarinense, o projeto monitora a pequena espécie de golfinho que ocorre na costa brasileira, do Espírito Santo até o Rio Grande do Sul, no Uruguai e na Argentina. Na Baía da Babitonga, por exemplo, moram cerca de 50 toninhas. Além delas, outros indivíduos presentes na área costeira que vai até São Paulo também são monitoradas pelo projeto catarinense.

Dezenas de golfinhos aparecem em praia do Norte de SC: “Nunca vi, primeira vez aqui”

Continua depois da publicidade

— A gente pode dizer que a Toninha é uma espécie de golfinho extremamente brasileira porque só existe Toninha basicamente aqui na costa. Ela é um golfinho que é pouco conhecido da população em geral e isso se deve principalmente por conta das características da Toninha, que é diferente de outros golfinhos. A Toninha, ela é extremamente tímida e discreta, tende a evitar a aproximação humana e é um animal pequeno, que mede em torno de 1,20 a 1,50 metros. Somadas essas características fazem com que seja muito difícil a gente conseguir avistar a Toninha na natureza mesmo ela estando muito próxima de nós — explica Renan Paitach, coordenador de pesquisa do Toninhas do Brasil.

Rara, a toninha possui várias peculiaridades, entre elas o fato de ser um golfinho ancestral, que já vive há milhares de anos, mas que atualmente está ameaçada de extinção desde 2010. Quatro anos depois, foi classificada como “criticamente em perigo de extinção”, o maior nível de ameaça antes de desaparecer da natureza.

— Temos em torno de 70 espécies de golfinhos no mundo. Seguramente a Toninha entra no ranking das cinco espécies mais ameaçadas de extinção. São centenas de toninhas que infelizmente acabam morrendo todos os anos, é um problema muito sério e que a gente se preocupa — enfatiza.

Segundo o Toninhas do Brasil, entre agosto de 2015 e outubro de 2020, foram registrados quase 3 mil encalhes de toninhas mortas entre os estados de SC e SP, sendo que a mortalidade real é ainda maior, já que nem todos os mortos encalham na praia e são recolhidos. A população é estimada em menos de 7 mil animais nestas regiões.

Continua depois da publicidade

Renan também destaca que, nos dias atuais, a principal ameaça identificada contra a espécie é a captura acidental em redes de pesca, ou seja, quando a toninha fica enroscada na rede de emalhe do pescador, mesmo que os trabalhadores da pesca não tenham a intenção de capturá-las. Ao ficar enroscado, o golfinho não consegue voltar à superfície e acaba morrendo afogado.

Como é feito o monitoramento e quais os cuidados com os animais

Há diferentes formas de monitoramento, um deles é a fotoidentificação. As imagens feitas dos animais ajudam a reconhecer algumas marcas que todos os golfinhos possuem na nadadeira dorsal. Segundo Renan, isso funciona como uma impressão digital, já que cada animal tem as suas marcas próprias. 

— E assim a gente consegue monitorar e entender um pouquinho da história de vida desses animais. Ao longo do tempo, a gente vai identificando quem são as fêmeas dentro da população, quando elas aparecem com com o filhote, por exemplo. O monitoramento ajuda a entender melhor o comportamento da espécie, de que forma ela se distribui no ambiente, onde as toninhas estão e isso é muito importante para a gente poder entender as ameaças — comenta Renan.

Além da fotoidentificação, há o monitoramento por satélite. O projeto realizou a captura de cerca de seis toninhas na Baía Babitonga nas quais foram instalados transmissores de satélite que enviam aos pesquisadores a localização de GPS, o que permite acompanhar por quais locais esses animais passam.

Continua depois da publicidade

Segundo Renan, esse monitoramento indicou que os animais moradores da Baía da Babitonga não se misturam com outras toninhas que vivem fora da região costeira, em mar aberto.

— As toninhas da Babitonga não se misturam com essas de fora, elas vivem exclusivamente dentro da Babitonga, onde passam a vida inteira delas. Por isso, é tão importante para a gente a Conservação dessa população, que é muito emblemática — relata Renan.

Ao longo dos anos, além do monitoramento, o projeto tocado pela Univille e que tem patrocínio da Petrobras vem se dedicando a pesquisas que envolvem vários aspectos relacionados à ecologia da espécie, intenso trabalho de educação ambiental, articulação com diferentes setores da sociedade e o desenvolvimento de uma comunicação estratégica, que aproxime a sociedade da conservação marinha.

Leia também

FOTOS: Conheça 5 casas com arquitetura diferenciada para alugar em SC

Cobra entre as mais venenosas do Brasil é encontrada dentro de gaveta em Jaraguá do Sul

Fotos antigas mostram como começou multinacional de SC conhecida como “fábrica de bilionários”