A guarda estava acompanhando uma moto, que não obedeceu a uma ordem de parada. O motociclista, que fugiu por não ter habilitação, saiu de Balneário, entrou em Camboriú e seguiu até o Conde Vila Verde.

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Moradores se revoltaram com a presença dos guardas no bairro. Acuados, os agentes chamaram apoio dentro da própria corporação, que enviou mais viaturas. Eram 10, entre carros e motos oficiais. Ao perceber a gravidade da situação, um morador chamou a polícia.

Imagens que circulam em grupos de Whatsapp mostram o momento em que as viaturas da Guarda Municipal de Balneário deixam Camboriú sob escolta da PM. A atuação da GM deveria se limitar ao município à qual a corporação está subordinada — com exceção da condução de presos, por exemplo. No entanto, há relatos de que a guarda tem atuado em outras cidades com frequência — especialmente em Camboriú.

Além disso, a região do Conde Vila Verde e do Monte Alegre tem um histórico de violência que não deve ser desconsiderado. Já foi a área com maior número de assassinatos no Estado em relação ao número de habitantes, tem uma situação delicada, e por isso recebe atenção especial da PM e da Polícia Civil.

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Nesta quinta-feira, a promotora Andrea Gevaerd, da 3ª Promotoria de Justiça de Camboriú, encaminhou ofícios às corporações para entender melhor o que ocorreu. Ela pode instaurar inquérito para apurar o caso.

Gabriel Castanheira, secretário de Segurança de Balneário Camboriú, admite que a guarda atua em outras cidades quando está acompanhando flagrantes e diz que deixar a ocorrência com a PM, nesse caso, faria os agentes perderem de vista o motociclista.

O subcomandante da GM, Luís Arlindo Borges, afirma que, nessas situações, a guarda avisa a PM de que está deixando os limites de Balneário _ informação que é contestada pelo comandante do 12º Batalhão da PM, Evaldo Hoffmann. Segundo ele, esse tipo de informação não é repassada pela guarda à polícia.

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A situação de quinta-feira à noite deixou Balneário Camboriú desguarnecida de 10 viaturas da Guarda Municipal. É a cidade quem paga, com os impostos que saem do bolso de seus moradores, todo o aparato da corporação. Não há justificativa para um esforço tão grande para perseguir um motociclista em uma área que é de responsabilidade da Polícia Militar, que tem competência estadual. As vaidades institucionais não podem ultrapassar a responsabilidade para com o dinheiro público.