Engana-se quem pensa que o escotismo se limita a acampar e vender biscoitos. Muito além do que se vê nos filmes, ser escoteiro é uma das portas para aprender lições sobre responsabilidade, respeito ao próximo e trabalho em equipe. É o que garantem pais que encontraram na atividade a saída para manter os filhos menos conectados à tecnologia e mais perto da natureza.
Continua depois da publicidade
Nascido na Inglaterra em 1910, o escotismo tem se popularizado cada vez mais entre crianças e jovens de todos os países. Para integrar o movimento basta ter entre seis e 21 anos e, claro, uma boa dose de disposição. Em Santa Catarina, segundo levantamento feito pela regional estadual da União dos Escoteiros do Brasil, o crescimento no número de integrantes de 2014 para 2015 foi de 10,89%. Chefe do Grupo Escoteiro Leões de Blumenau e praticante da modalidade há 20 anos, Nuno Simão revela que, em relação ao quadrimestre passado, só no Vale do Itajaí esse percentual chegou a subir 16%.
– A própria criança demonstra o interesse antes, porque quer fazer algo diferente. Acho que o trabalho em equipe e a relação com as outras pessoas é o maior ganho, pois hoje a tecnologia nos deixa isolados. O escotismo proporciona a interação que se perde ou às vezes a criança nem chega a conhecer – ressalta Nuno.
::: Grupos de escotismo do Vale buscam apoio de voluntários
Primeiros-socorros, economia, trabalhos manuais, vivência e jogos são aprendizados que os participantes levam para casa ao longo dos encontros semanais, geralmente aos sábados. Mas de acordo com os pais, a grande vantagem são os valores e as mudanças comportamentais. Entre acampamentos, viagens e aventuras ao ar livre, os desbravadores aprendem brincando. A publicitária Sandra Egg foi escoteira na infância e colocou os dois filhos no Grupo Leões aos sete anos. Ana Luiza, hoje com 14, diz que um dos grandes presentes do grupo foram os amigos.
Continua depois da publicidade
– Se eu não fosse escoteira não teria uma noção tão grande de conhecimento natural. Desde saber montar uma barraca até me cuidar sozinha. Você aprende na marra. Fiz amizades que acrescentam muito e tenho amigos que me conhecem de verdade e não só como uma colega de colégio – diz a menina.
Para a mãe, Sandra, a inserção no universo escoteiro é uma boa válvula de escape no mundo tecnológico:
– É uma oportunidade de curtir a natureza, se aventurar. Eu sabia que o escotismo daria isso a eles. Além do enfoque social, tem o viver em equipe, dividir e cooperar. As opções para adolescentes, em especial, são restritas. É shopping, computador, internet. O escotismo dá a eles chance de se desligar disso – destaca Sandra.
A história se repete na casa da família Bendheim, de Pomerode, onde todos fazem escotismo. A última a entrar na dança foi a caçula Katlin, de 14 anos. Estimulada pelo pai, um dos fundadores do Grupo Escoteiro Pomerano, ela teve o primeiro contato com a prática por volta dos 10 anos. A estudante comenta que a principal roda de amigos, firme e forte até hoje, foi criada no grupo de escotismo.
Continua depois da publicidade
– Deixamos os celulares e computadores em casa para ir no escoteiro, o que no começo foi bem difícil, mas agora nem ligamos. É bem melhor estar lá, entre amigos, do que ficar nas redes sociais – sublinha Katlin.
Na rotina da corretora de imóveis Fernanda Campos, 42 anos, e do filho Caio, 15, o escotismo se tornou mais uma desculpa para pegar a estrada juntos. Há quatro anos, eles se deslocam de Rio do Sul a Indaial aos sábados para se envolver nas atividades do grupo Duque de Caxias. Fernanda conta que conheceu o movimento e, inspirada pela perspectiva de ver o filho se transformar em um adulto melhor, levou o garoto:
– Chega uma fase da juventude em que ir para a rua é complicado. Então levei o Caio para conhecer o escotismo, ele curtiu e nunca mais parou. Sinto que aprendeu bastante sobre respeito às pessoas, à natureza e ficou mais disciplinado.
Seja um escoteiro
? Para encontrar o grupo escoteiro mais próximo de você, acesse o site escoteiros.org.br e informe seu estado, cidade e bairro.
Continua depois da publicidade
? As atividades costumam ser realizadas aos sábados e os participantes precisam ter entre seis e 21 anos.
? O custo varia de grupo para grupo, mas em geral são cobradas a inscrição e uma mensalidade, que costuma ficar em torno de R$ 50 (os grupos não têm fins lucrativos e o dinheiro é usado para ajudar na manutenção da sede).
? Vale lembrar que muitos locais oferecem bolsa para aqueles que não têm condições de pagar a mensalidade.