Um grupo formado por pessoas que sequer se conheciam, na zona Sul de Joinville, está mudando a vida de uma família e provando que as redes sociais podem ser muito mais do que exibicionismo, baixarias ou xingamentos. Depois de muita discussão no Facebook, o grupo resolveu sair do discurso e partir para a ação. No último sábado, cerca de 15 pessoas fizeram uma ação de limpeza e organização da casa de José Armando da Silva.

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Desempregado, pai de quatro filhos com idades entre quatro e 14 anos, o paraibano de 64 anos vive num barraco de madeira construído no final da rua Rio Velho, uma área de mangue localizada depois das lagoas de tratamento de esgoto da Companhia Águas de Joinville, no Jarivatuba.

– A gente se organizou pelo Facebook. Um conhecido foi pedindo ajuda para o outro e quando vimos havia bastante gente. Agora, precisamos que mais pessoas se envolvam para continuar nossa ação – disse Luiz Miranda Delfino, um dos voluntários que passaram o sábado inteiro arrumando o local.

Voluntários estiveram na casa de José para organizar o local

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No fim de semana, os voluntários arregaçaram as mangas e organizaram o terreno de José Armando. Como ele ficou sem trabalho há mais de cinco anos, começou a juntar material reciclável para vender. O resultado de anos de coleta foi um terreno cheio de latas, papelão, objetos danificados e madeira. O entulho estava tomando conta de tudo.

– Fiquei doente e não tive mais como trabalhar. Também não consegui me aposentar. Agora, estou aqui, lutando para criar os quatro filhos – diz o homem. Ele vive de pequenos bicos e da ajuda de vizinhos e voluntários. Três dos quatro filhos estudam. Um deles, de 12 anos, é autista e passa o dia todo em casa com ele.

A onda de solidariedade começou por acaso. A primeira pessoa que foi até o local, há algumas semanas, foi a dona de casa Juliana Kuhnen Vasco. Ela participa de um grupo com mais de 10 mil integrantes chamado Amigas de Fé e Doações. A passagem pelo bairro era para fazer entrega de donativos, mas o grupo se espantou com a situação da família de José Armando.

– Quando estivemos lá, fazia frio. Choramos na hora vendo a situação dele e das crianças. Levamos fraldas e uma cesta básica. Mas era preciso fazer mais – diz Juliana, que começou uma onda de solidariedade.

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Uma das primeiras a adotar a proposta foi a estudante Ketliyn Barbosa da Silva. No sábado, as duas lideraram o grupo na limpeza e organização da casa. Agora, o plano é não deixar faltar nada para que a família possa se organizar e se restabelecer. Os voluntários vão ajudá-lo a reunir os documentos necessários para que ele possa dar a entrada na aposentadoria junto ao INSS. Outra iniciativa é tentar incluí-lo no Programa Bolsa-família, já que três crianças estudam.

O grupo começou a planejar a construção de uma nova casa no terreno, mas a ideia está sendo reavaliada. No local, que é uma área de invasão, a água e a luz estão instaladas de forma irregular e as duas casas foram construídas pela ex-mulher dele, que já não mora mais no local, mas mantém a posse dos imóveis.

– É uma situação muito difícil, que precisa da sensibilidade de todo mundo. Tanto da gente, que quer ajudar, quanto do poder público – diz Luiz Delfino.

Por enquanto, José Armando tem um cadastro na Secretaria de Saúde e é atendido com os remédios que toma periodicamente. Os medicamentos são entregues toda semana no Posto de Saúde do Paranaguamirim.

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– Vamos avaliar uma maneira de continuar acompanhando a família, para que fique unida – diz Juliana.

Quer ajudar também? Entre em contato com a Juliana Kuhnen Vasco, no telefone: (47) 8447-4251.