Reciclando, o lixo vira luxo. Esse é o slogan dogrupo PET, que se reúne todas as semanas para produzir artesanatos na garagemda casa de dona Carmelita Camara Lessa, no Aventureiro. O grupo tem 23participantes e existe há oito anos. Tudo começou por iniciativa de uma dasigrejas do bairro. Era lá que os encontros eram realizados até pouco mais de umano atrás. Com algumas mudanças na estrutura da igreja, o grupo teve que semudar para a casa de Carmelita. E ninguém quer mais sair dali.
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As mulheres são maioria, mas alguns homens também dão uma força, como Manoel Lessa, marido de Carmelita. Além de produzir bolsas com produtos recicláveis, o grupo passa horas conversando nas tardes de sextas-feiras. Não precisa de muito tempo na garagem para observar o bom humor e a alegria.
Geralmente, os trabalhos artesanais continuam em casa depois dos encontros, já que uma tarde não é suficiente para as peças estarem prontinhas.
– Aqui nós conversamos bastante. Dificilmente alguém falta. Só por motivo de doença ou de viagem mesmo. É sagrado. Tem até um caderno de chamada com a assinatura delas toda sexta-feira. Ninguém quer sair – afirma a dona da casa, com um sorriso no rosto.
Ela conta que foi escolhida para representar o grupo na Festa de São José, promovida pela igreja católica. A comunidade escolhe uma representante por pastoral para concorrer ao posto de rainha da festa. Como o grupo PET foi fundado na igreja, também tem direito a uma representante.
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No dia 19 de março, Carmelita foi eleita a rainha da festa. Ela conta que teve 700 votos vendidos a mais que a segunda colocada. Como premiação, recebeu 10% do valor dos votos vendidos.Entre os materiais reaproveitados pelo grupo, além das garrafas PET, estão filtros de café e caixas de leite.
É com estes materiais recicláveis, tecidos e fios que elas também produzem outros artigos, como fronhas e as cestinhas que estão fazendo especialmente para a Páscoa. Para confeccionar uma bolsa, as mulheres contam que são necessárias 24 garrafas PET, já que muito pouco é reaproveitado de cada garrafa. Os desenhos são feitos por Carmelita. Por semana, cerca de cinco bolsas são produzidas pelo grupo.É o grupo mesmo que coleta os materiais. Algumas passaram a reciclar o lixo doméstico, outras pegam os materiais na rua ou pedem para os vizinhos.
O retorno financeiro parece ser o de menos para elas, já que a divisão dos lucros obtidos com a venda dos artesanatos só é feita três vezes ao ano. O grupo é formado por pessoas que moram no bairro Aventureiro, mas também acolhe moradores de outros bairros, como a Clarice do Carmo Freitas. Ela frequenta os encontros com algumas colegas da Associação dos Deficientes Físicos de Joinville (Adej).
– Viemos fazer uma visita, gostamos e elas nos acolheram. A gente prefere vir para cá, pois a gente conversa, tem um entretenimento. Se alguém tem algum problema, aqui tudo é resolvido – conta Clarice, que acredita que a divulgação do grupo pode inspirar outras pessoas a iniciarem projetos parecidos.
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O grupo também espera obter algum tipo de ajuda para construir um galpão nos fundos da casa. Para elas, um espaço maior ajudaria na hora de produzir os artesanatos.
Quem quiser comprar ou encomendar produtos do grupo PET pode entrar em contato com a Carmelita pelos telefones (47) 3418–3430 e (47) 99222–7173. Elas também vendem os produtos nos eventos da comunidade São José. As bolsas menores custam R$ 25 e as maiores, R$ 30. As cestinhas menores custam R$ 10 e as maiores, R$ 15.
*Alex cursa jornalismo no Bom Jesus/Ielusc e é estagiário no ‘A Notícia’