De um lado, jogos, traições e a bebida de Vadinho, primeiro marido de Dona Flor que morre durante as festividades de carnaval. Do outro, o decente, puritano e estável Dr. Teodoro, que pede a mão da jovem em casamento. No meio deles, a donzela e a paixão que incendeia junto com um caminho a escolher. Assim como Flor fica entre os dois maridos, Blumenau flerta com culturas diferentes durante o Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau (Fitub).
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A peça Dona Flor e Seus Dois Maridos, sábado, às 20h30, no Teatro Carlos Gomes, inspirada na obra do brasileiro Jorge Amado, no entanto, é interpretada pelo grupo israelense Yoram Loewenstein Acting School, de Tel-Aviv. O contraste da cultura israelense que interpreta um clássico da literatura brasileira, publicado em 1966, chamou a atenção da organização do festival.
– Foi uma situação inusitada ter a inscrição de um grupo de uma cultura diferente com uma obra da literatura brasileira. Quando assistimos ao vídeo deles, tivemos a certeza da qualidade que o espetáculo traria ao Fitub _ afirma a coordenadora do evento, Pita Belli.
A única apresentação do grupo no Brasil tem duração de 90 minutos e, entre as curiosidades está a interpretação em iídiche, com projeção de legendas em português. Os atores também cantam canções na língua portuguesa, compostas especialmente para a peça.
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De acordo com Pita, o diretor do espetáculo, Irad Rubinstain, soube do festival durante uma viagem ao Brasil há alguns anos, recebendo a indicação do evento blumenauense de um amigo de São Paulo. Irad havia dado baixa do exército de Israel há apenas três dias quando pisou em solo brasileiro pela primeira vez, em 2001, para iniciar uma jornada de três anos ao redor do planeta.
O viajante se apaixonou pelas paisagens, cidades e pessoas, e também pela arte, em especial, a literatura nos sete meses em que cruzou o Brasil de Norte a Sul. Levou a obra do escritor baiano Jorge Amado para Israel , onde o grupo fez o dobro de apresentações planejadas inicialmente, e agora volta ao Brasil aguardando ansiosamente a reação da plateia:
– Será um desafio e tanto encenar uma obra brasileira para um público brasileiro. Na minha estada no Brasil, vi rituais do candomblé, participei de carnavais no Recife e em Olinda e procurei trazer para a peça essa linguagem – adianta o diretor.
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Cultura brasileira em cena
Dança, música e acrobacias criam uma atmosfera carnavalesca para contar a história da viúva Flor, que ao casar com um pacato farmacêutico após a morte do primeiro marido, o boêmio Vadinho, passa a ser assombrada – ou melhor, assediada – pelo fantasma do falecido. A peça integra a Mostra Ibero-Americana Paschoal Carlos Magno, que reúne outros quatro grupos estrangeiros.
– É uma projeção do Brasil ao mundo. O olhar das pessoas está aqui através do teatro – comenta Pita, que acrescenta que a procura por ingressos para a peça está intensa e recomenda que quem quiser assistir garanta antecipadamente a entrada.
Sobre o iídiche
Nascido há mil anos na região que hoje é ocupada por pedaços da França e da Alemanha, o iídiche desenvolveu-se entre os judeus ashkenazim, oriundos da Europa Central e Oriental. A língua é derivada do alemão medieval, com influências do hebraico, aramaico e de elementos eslavos. Hoje, o iídiche é falado nas comunidades judaicas. Dois grupos principais utilizam o iídiche: judeus ortodoxos no mundo inteiro, especialmente os ultra-ortodoxos, e judeus seculares que valorizam suas raízes.
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Você tem alguma curiosidade sobre a cultura israelense? A equipe de reportagem do Santa vai conversar hoje com integrantes do grupo israelense. Envie a sua pergunta para o e-mail lazer@santa.com.br. A entrevista será publicada em santa.com.br/maislazer.
Serviço
Dona Flor e Seus Dois Maridos (Yoram Loewenstein Acting School, de Tel-Aviv, Israel) – Teatro Carlos Gomes (Rua XV de Novembro, 1.181, Centro). Duração: 90min. Classificação: 16 anos. Sábado, 20h30.