Santa Catarina bateu na trave para conseguir o investimento do estaleiro da OSX, empresa do grupo de Eike Batista que atua na indústria naval e oferece soluções de infraestrutura para a exploração de petróleo. Com a crise de desconfiança sobre as empresas de Eike, a OSX é apenas uma das ações do Grupo EBX que estão evaporando na bolsa.
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Quem investiu nas empresas do EBX e deixou o capital imobilizado no último ano, viu o dinheiro evaporar (confira nos gráficos). Nesta quarta-feira, a agência de classificação de risco Moody’s seguiu o movimento feito na véspera pela rival Standard & Poor’s e rebaixou o rating da petrolífera OGX, principal cliente da OSX. Ambas colocaram a empresa no patamar próximo da situação de default (calote).
O efeito prático da crise de confiança no grupo de Eike parece afetar a construção do estaleiro da OSX, que está em fase final, no município de São João da Barra (RJ). Nos últimos meses, a companhia demitiu funcionários, reduziu o ritmo de construção e reviu contratos com fornecedores.
Esta semana, a OGX decidiu suspender o desenvolvimento de três poços exploratórios localizados no campo de Tubarão Azul alegando falta de tecnologia capaz de viabilizar economicamente qualquer investimento adicional para aumentar o perfil de produção das áreas. Desde então, as ações despencaram, chegando a R$ 0,39 nesta quarta.
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O cenário futuro mais provável para a OGX será a entrada de novos sócios na empresa, que terão comprado ativos a um preço de liquidação, avalia Rafael Costa, analista da consultoria de mercado de capitais da Próprio Capital, de Florianópolis. O caminho para este movimento já está sendo traçado: há dois meses a EBX vendeu participação de empresas do setor energético a um grupo europeu.
– Os novos sócios vão ajudar a empresa a vencer essa crise de confiança, especialmente grupos internacionais, e de preferência especializados nos setores em que a OGX atua. Só assim Eike conseguirá renegociar dívidas com bancos e fornecedores e dar garantias para novos empréstimos – acredita.
Apesar do quadro ruim, prefeito lamenta pela OSX
Mesmo com o atual quadro ruim para o grupo de Eike, para o prefeito de Biguaçu, José Castelo Deschamps, a desistência da OSX ainda é uma grande perda para SC.
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Na análise dele, o estaleiro, enquanto empreendimento que participaria da exploração do pré-sal, traria benefícios capazes de compensar as dificuldades atuais, como aumento na arrecadação de impostos e geração de emprego e renda. Deschamps acredita que de qualquer maneira, dentro ou não do prazo, o estaleiro será construído no RJ.
– Conhecíamos os riscos de um empreendimento como o estaleiro da OSX, mas nunca deixaríamos de investir nessa construção por causa deles. No final, os impactos seriam positivos para o Estado – resumiu.