O grupo desmantelado pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, ia além de favorecer os interesses de empresas privadas perante o governo. O esquema dos irmãos Vieira e de Rosemary Noronha também teria tentando tumultuar e obstruir o julgamento do mensalão.

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Segundo a revista Época, interceptações da PF mostram que Paulo Vieira, ex-diretor da Agência Nacional de Águas (Ana), e Rose, ex-chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo, articulavam para tentar impedir que os condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) cumprissem suas penas. Uma ligação, no dia 12 de novembro deste ano, entre os dois, evidenciaria uma trama para tentar anular o julgamento.

– Vou protocolar amanhã ou quarta aquela outra questão que eu queria que você mostrasse para o JD. Você lembra qual é, né? – disse Vieira a Rosemary.

Segundo a revista, JD seria o ex-ministro da Casa Civil e condenado no mensalão, José Dirceu. A “questão” referida seria a movimentação do grupo, em conjunto com o deputado federal e também condenado no julgamento, Valdemar Costa Neto (PR-SP), e o empresário e ex-senador Gilberto Miranda, a pressionar os ministros do Supremo a mudar votos, aliviar nas penas ou acatar futuros recursos dos advogados dos réus. A intenção do grupo seria até a nomeação de um ministro na vaga deixada pelo ex-presidente da Corte, Carlos Ayres Britto – a ideia seria contar com a proximidade que Rose tem com o ex-presidente Lula.

Nas gravações interceptadas e a que a revista teve acesso, Paulo estaria preocupado com a disposição de Dirceu em participar da articulação e sondava Rose sobre eventual participação de Lula nos bastidores para ajudar na trama. Porém, Rose disse que o ex-presidente não faria “absolutamente nada”.

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Relatório da PF traz nomes de autoridades

A Época revela ainda que teve acesso ao relatório produzido pela Polícia Federal e que detalharia todas as autoridades que conversaram com os integrantes da quadrilha ou eram citadas por eles. Nas 98 páginas do documento, aparecem 18 autoridades, e cada uma tem um capítulo específico, descrevendo as circunstâncias em que elas aparecem na investigação.

Dentre os nomes citados pela revista Época, além do deputado Valdemar Costa Neto, aparecem o do chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, do ministro do STF Dias Toffoli e do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSB). No entanto, não constariam evidências de que eles tenham envolvimento no esquema. Estar no relatório, não significa que a pessoa integre a quadrilha ou tenha praticado crimes.