Considerada uma das companhias de dança mais importantes do Brasil, o Grupo Corpo virá a Florianópolis nos dias 4 e 5 de outubro, sexta e sábado. Na apresentação, que será no Teatro Ademir Rosa (CIC), o grupo trará dois dos balés mais pedidos: O Corpo (2000), com trilha de Arnaldo Antunes, e Benguelê (1998), música de João Bosco. Os ingressos para os dois dias já estão à venda no Disk Ingressos, com valores que variam entre R$39,60 e R$200. No Teatro, os ingressos poderão ser adquiridos no dia do espetáculo, a partir das 14h.
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As duas obras têm estética e ambientação diferenciadas. Enquanto O Corpo, que estreou em 2000, possui trilha do ex-Titã Arnaldo Antunes, Benguelê, de 1998, é voz de ancestralidades, folguedos populares, da mistura cultural e da força do Brasil afro.
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As duas apresentações retornam à capital catarinense após muito tempo. O Corpo esteve em Florianópolis pela última vez em 2011 e, Benguelê, em 2016.
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As coreografias, que são de Rodrigo Pederneiras, traduzem a “brasilidade urbana e sertaneja, do Sudeste e do Nordeste, do tecnopop vertiginoso e da tradição em artesania”, conforme o grupo.
O Grupo Corpo tem patrocínio do Instituto Cultural Vale e da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), além do Itaú Unibanco, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
O Corpo (2000)
Com duração de 42 minutos, o espetáculo O Corpo inicia com o palco às escuras, enquanto vozes puxam o mote “pé/mão/pé/mão”, e luzes vermelhas piscam ao fundo. Os bailarinos, de malha preta pontuada por amarrações e volumes, mergulham na batida tecno enquanto as palavras “mão/umbigo/braço” se tornam mais percussivas, com mais som e menos significado. Tambores eletrônicos ressoam, passando por melodias de várias origens — do funk à música árabe, do baião ao reggae.
O Corpo é a primeira criação para a dança do compositor, escritor, poeta e performer Arnaldo Antunes. A peça tem oito movimentos, gravada com instrumentos acústicos, elétricos e eletrônicos, além de ruídos orgânicos como grunhidos, gritos e sangue nas veias que se fundem com guitarras, violões, teclados, baixo, percussão e as vozes de Arnaldo, Saadet Türkoz e Mônica Salmaso.
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No balé, que celebrou no ano 2000 os 25 anos do Grupo Corpo, Rodrigo Pederneiras arquitetou movimentos mais secos e vertiginosos para a companhia. A pulsação que é ao mesmo tempo tribal e futurista se incorpora nos movimentos, que passam pelo fetal, intrauterino e autômato.
O responsável pela cenografia e a iluminação é Paulo Pederneiras, que faz a sincronização de luzes vermelhas em diversas saturações, muitas vezes acompanhando a trilha e dialogando com graves e agudos. Além disso, um quadrado branco delimita, aqui e ali, o espaço cênico.
O figurino é de Freusa Zechmeister e Fernando Velloso
Benguelê (1998)
Com duração de 41 minutos, o Benguelê é uma peça musical de João Bosco, que é um artista mineiro. A apresentação transita pela miscigenação amorosa do Brasil a partir do jongo eternizado em 1965 por Clementina de Jesus (a canção Benguelê, de Pixinguinha e Gastão Vianna), que surge em arranjo a capela. São onze temas especialmente criados — ou recriados — por Bosco, iluminados pela Mãe África e enriquecidos pelas influências cruzadas em uma festa brasileira.
A saudade da terra natal, o banzo, é uma origem possível da palavra que dá título ao balé: a fusão de Benguela, região situada ao sudoeste de Angola, com o fonema lê — em quimbundo, nostalgia, saudade. O sentimento do banzo, melancólico e ao mesmo tempo enérgico, perpassa pela trilha de Bosco.
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A música negra de raiz, produzida pelos descendentes de escravizados no Rio de Janeiro, é evocada em Tarantá, Carreiro Bebe e, principalmente, em Benguelê. Pixinguinha é citado também, com trechos de 1 x 0 (inspiração do choro-goleada) de e Urubu Malandro.
A rica mistura das influências europeia, oriental, do sertão e da rica negritude é realizada por uma banda que, além de ser composta pelo próprio Bosco (violão acústico e vozes) conta com Jacques Morelenbaum (violoncelo), Osvaldinho do Acordeom (acordeom), Proveta (sax e clarineta), Ricardo Silveira (viola de 12 e violão de aço), Nico Assunção (contrabaixo), Robertinho Silva e Armando Marçal (percussão), além do tenor Sandro Assunção (uma das vozes de Travessia).
Com coreografia de Rodrigo Pederneiras e com estreia no balé em 1998, Benguelê é tida como a criação mais fincada na referência das danças populares brasileiras até então. A coreografia é cheia de marcações de pé, de pélvis, de ombro, muita mão no quadril e remelexo de cintura que se desdobram no festivo, no ritualístico e no ancestral, com figuras humanas vergadas pelo tempo e imagens animalizadas.
A cenografia de Fernando Velloso e Paulo Pederneiras, em tons escuros de breu e grafite, faz contraponto com a mistura final de todas as cores nos figurinos de Freusa Zechmeister, que adota o branco como matriz e trabalha com a sobreposição de tecidos.
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Se nos primeiros três quartos do espetáculo, o rito afro, o jogo de roda, a quadrilha, os cortejos e as danças dos devotos se misturam, no palco e nos ouvidos, o final é pura festa, com a coroação do Rei do Congo explodindo em cores e alegria.
Veja fotos dos dois espetáculos
*Sob supervisão de Raquel Vieira
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