São 17h, e as ruas do Centro de Florianópolis estão fervendo. Passos apressados, sacolas de compras nas mãos. É a saída do trabalho, da escola, a vontade de chegar logo em casa. A cena ocorrerá hoje à tarde – como todos os dias. Mas o cotidiano terá intervenções, que apontam para um jogo surpreendente.
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Se você estiver pelo quadrilátero formado pelos calçadões da ruas Felipe Schmidt, Conselheiro Mafra, Trajano e Deodoro, prepare-se. Vai ter jogo de cartas de baralho e o pedestre está convidado a participar. O grupo de teatro catarinense ERRO estreia hoje Hasard (pronuncia-se azar), intervenção cênica que se desenrola por uma hora e meia. O grupo faz segredo sobre o que, de fato, as pessoas vão assistir. Ao terminar de ler o texto de divulgação, fica-se com uma ideia do espetáculo. Mas a pergunta: Como será? A proposta do ERRO é criar espectativa e gerar surpresa. Desde a semana passada, uma promoção na página do grupo no Facebook fornece informações “privilegiadas” para quem participar da brincadeira, que tem a ver com curtir a página, compartilhar um link e observar um número. O DC entrevistou Luana Raiter, atriz que também assina a dramaturgia de Hasard ao lado de Pedro Bennaton. A intenção é que ela contasse como é o espetáculo Hasard. Nenhuma chance. Mas Luana deu algumas dicas. Confira:
Como acontece Hasard?
Luana Raiter – Então… Eu não posso falar muito. O diretor me mata (risos). Mas são quatro histórias que acontecem nas quatro ruas. No início, são simultâneas. Depois elas vão se cruzando. Mas o jogo é aberto e, em função de como o público interage, pode mudar. As pessoas podem decidir que ações preferem assistir através das possibilidades de escolhas propostas pelas ações. Tem cartas de baralho com números que serão distribuídas. Nas cartas, têm textos e, dependendo das cartas, a fala dos atores se transforma. Bem… Agora eu não posso mais falar.
Mas o jogo é sobre o quê?
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Luana – A gente pesquisou bastante sobre o que é um jogo e chegamos a definição de que um jogo é sempre uma profanação. Neste caso, estamos profanando com o Capitalismo. Não é só a questão da valorização do dinheiro, mas antigamente a sorte era algo de extremo valor. Hoje o mundo está cada vez mais tecnicista, valorizamos o estudo, a técnica, o planejamento. O jogo brinca com situações de controle do mercado sobre nós e, claro, fala de relações humanas.
Dê uma dica ao público. O que se deve prestar atenção?
Luana – Cartas serão distribuídas. Acumule cartas e também papéis e você terá mais opções no jogo.
A ORIGEM DO JOGO
Os árabes tinham como passatempo “jogar ossos” (jogar dados) quando se espalharam pelas antigas províncias romanas. Eles chamavam seus cubinhos numerados de “azzahr”. Durante o comércio com os europeus na Idade Média, esse jogo de dados atravessou o Mediterrâneo e os franceses deram o nome de “hasar” ou “hasard”. Durante as guerras intermináveis entre a França e Inglaterra, nos séculos 13 e 14, os cavaleiros ingleses chamaram o jogo de “hazard” – o que significava tentar “a sorte ou o azar”.
Preste Atenção
O espetáculo ocorre em meio à circulação das pessoas na rua. Poucas cenas têm isolamento com cones para separar atores e público.
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Agende-se
O quê: Espetáculo HASARD em Florianópolis
Quando: de 9 a 21 de agosto (segundas, terças, quintas e sextas-feiras), a partir das 17h
Onde: Calçadão das Ruas Trajano, Deodoro, Felipe Schmidt e Conselheiro Mafra, no Centro de Florianópolis
Ingresso: Gratuito
*Depois de Florianópolis, o espetáculo passará por Porto Alegre, volta a SC com apresentações em Biguaçu e São José, e segue para São Paulo.