Policiais militares lado a lado formavam um cordão. Atrás deles estavam os homens armados com espingardas, a última linha que separava os manifestantes das pontes de acesso à Ilha. Poucos metros à frente, centenas de jovens que 10 minutos antes gritavam que fechariam as pontes.

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Foi o momento mais tenso da noite, a maior probabilidade de os protestos terminarem em violência. Os manifestantes se aproximaram devagar, passo a passo, e num grito arrancaram em direção aos policiais.

Não houve resistência. Os homens fardados deram passagem e mais e mais os jovens correram em direção às pontes. Não demorou para o trânsito parar. Ninguém caminhava por elas desde 2004.

Foi hora de o celular entrar em ação. As falhas de sinal de 3G foram a decepção de quem queria compartilhar nas redes sociais, quase que ao vivo, o momento. Telefonar para os amigos foi a saída.

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Não demorou para a ponte estar tomada por jovens segurando cartazes e falando palavras de ordem contra os mais variados temas. Havia reclamação contra a PEC 37, contra o pastor Marco Feliciano, de repúdio aos gastos com a Copa do Mundo, críticas à deficiência na saúde e à falta de qualidade na educação, e contra grupos de comunicação, entre eles a RBS.

Depois o movimento se dissipou e as pessoas gritavam “quinta vai ser maior”, menção ao protesto marcado para amanhã. E tudo acabou de maneira ordeira. Ao final, a postura da PM foi elogiada por alguns jovens certos de que estão fazendo história.