O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou, nesta terça-feira (27), o primeiro foco brasileiro de gripe aviária em aves domésticas de subsistência desde a entrada do vírus no país, em 15 de maio. Até então, só havia ocorrências no Brasil envolvendo aves silvestres — é o caso de Santa Catarina, que anunciou, neste mesmo dia, ter identificado o seu primeiro episódio, com uma espécie migratória.

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A nova detecção da influenza aviária ocorreu em uma criação de subsistência em que havia patos, gansos, marrecos e galinhas no município de Serra, o mais populoso do Espírito Santo.

O governo federal reforçou que a confirmação não altera o status sanitário do país, já que se trata de ave de subsistência, ou seja, de eventual consumo pelo próprio produtor, e não de ave comercial.

Em caso de alteração desse status, o Brasil sofreria restrições no comércio internacional de produtos avícolas, o que impactaria profundamente Santa Catarina, o segundo maior produtor de frangos do país.

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Os três primeiros casos de gripe aviária na história do país haviam sido confirmados no mês passado também no Espírito Santo, mas com aves silvestres migratórias. Os registros foram das cidades de Vitória, vizinha ao município de Serra, e Marataízes, ambas no Litoral.

Em Santa Catarina, o único caso confirmado até aqui também é do Litoral, do município de São Francisco do Sul, com uma ave migratória, tal como ocorreu anteriormente no Espírito Santo.

Potencial devastador

Apesar de apresentar baixa probabilidade de infectar humanos, a gripe aviária é motivo de alerta para autoridades e produtores rurais devido ao seu potencial devastador no caso de atingir aves comerciais.

— Ela causa uma mortalidade muito alta e em pouquíssimo tempo. E, com uma confirmação, o Brasil perderia o status atual e não conseguiria mais vender produtos de origem aviária para outros países. Então seria uma crise muito grande: tem o problema para o animal e também para o lado social, porque milhares de famílias e indústrias vivem disso — disse o veterinário Diego Torres Severo ao NSC Total em fevereiro, quando confirmações em países vizinhos já causavam alerta em Santa Catarina.

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Severo é diretor de defesa agropecuária da Cidasc, uma empresa pública que funciona como um braço operacional da Secretaria da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural para o tema.

Na ocasião em que conversou com a reportagem, ele havia adiantado que o principal foco de transmissão da influenza são as aves silvestres que migram desde a América do Norte no primeiro semestre do ano. Esses animais ainda transmitem o H5N1, causador da doença, para aves locais, que, eventualmente, podem passar o vírus para aves domésticas, de criação comercial ou não.

Como identificar a doença e o que fazer

A Cidasc afirma que eventuais episódios de mortalidade em massa de um grupo de aves já é motivo de alerta, mesmo que ocorra, por exemplo, em alguma praia de Santa Catarina, muito distante das granjas que se concentram no Oeste do estado.

Além da alta incidência de morte, a doença pode ser reconhecida pela dificuldade da ave em respirar e pelos sinais clínicos neurológicos, com o animal se debatendo e em posição de torcicolo.

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A Cidasc alerta que aves silvestres mortas ou com sinais clínicos da doença não devem ser manipuladas.

Para o caso de eventual suspeita de ocorrência da gripe aviária, a Cidasc faz atendimento pelo telefone 0800-643-9300. É possível ainda procurar a unidade mais próxima do órgão, além do IMA, com gerências regionais espalhadas por Santa Catarina, e da Polícia Militar Ambiental (PMA).

O Mapa também recebe notificações por qualquer meio de cada Superintendência Federal de Agricultura e Pecuária ou pelo sistema e-Sisbravet.

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