A força com que estão se manifestando a gripe A e outras infecções respiratórias graves em 2016 colocou em alerta as autoridades de saúde das regiões de Joinville e Jaraguá do Sul. Um em cada três óbitos neste ano provocados por essas doenças está registrado na área de abrangência das duas Agências de Desenvolvimento Regional (ADRs). São 23 mortes desde o começo do ano. Em todo o Estado, foram registrados 80 óbitos, segundo a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) do Estado. Dos 639 casos registrados de gripes A e B, 93 estão concentrados nos dez municípios das duas agências.
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Mas não é só o número de casos que está fazendo com que as autoridades de saúde estejam pedindo para que a população aumente as barreiras contra os vírus. A intensidade dos sintomas também está se mostrando maior do que nos últimos anos.
– Já tivemos reunião com a Dive sobre isso para alertar a população porque ainda temos um período de frio pela frente e o vírus ainda está circulante. Apesar de a gente ter atingido uma alta taxa de vacinação, a vacina proporciona uma proteção em torno de 70%. A gente está fazendo esse alerta porque a doença se comportou diferentemente de outros anos, veio mais cedo, com mais força, com um índice de letalidade maior – diz a gerente de saúde da região de Jaraguá do Sul, Aline Mainardi.
As conclusões da Dive mostram que, neste ano, o perfil de casos indica intensa circulação do vírus influenza, com predominância do subtipo A (H1N1), acometendo adultos e doentes crônicos e obesos, principalmente.
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– Esses grupos apresentam uma tendência maior a apresentarem complicações quando infectados pelo vírus influenza, por isso a importância de procurarem um serviço de saúde mais próximo da residência aos primeiros sinais e sintomas de gripe, para o tratamento adequado – diz o documento assinado pelos técnicos da Dive.
Além do H1N1, outra sigla que a população vai começar a ouvir com mais frequência é SRAG, que significa síndrome respiratória aguda grave. Na prática, pode ser uma gripe simples, um dos grupos de gripe A e B, ou mesmo outras complicações que se apresentam quando o paciente está vulnerável por causa de outras doenças.
– O que a gente observa é que as pessoas com alguma doença crônica é que têm morrido, idosos ou pessoas com doenças crônicas. É preciso observar. Essa é uma condição para que o vírus fique ainda mais letal – diz a gerente de saúde.
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Sobe para oito o número de mortes por gripe A em Joinville.
Outro problema sentido por quem trabalha na área é que os pacientes de gripe estão chegando ao serviço de saúde com um quadro já avançado e com muito tempo depois dos sintomas. O ideal é que, a partir do começo dos sintomas mais graves (febre alta, calafrios, dores pelo corpo, tosse crônica), o paciente não espere mais do que 24 horas para procurar ajuda.
– Em alguns casos, as pessoas estão demorando demais para chegar ao atendimento e começar o tratamento adequado. Quando o paciente começa a sentir os sintomas mais graves da gripe, como a febre, e em 24 horas não melhora, é preciso procurar o serviço de saúde. Essa é a orientação. Não deve esperar ou se automedicar – diz a coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Joinville, Aline Costa da Silva.
Bom exemplo de como enfrentar a situação
Edilaine Pacheco, que trabalha na Vigilância Sanitária de Joinville, depois de enfrentar, em maio, um fim de semana com a filha gripada, mas sem febre, começou a sentir os sintomas.
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– Meu marido chegou em casa e eu disse “vamos para o PA”. Ele até se assustou um pouco porque eu não sou de me abater, mas estava insuportável – diz.
Ao correr para um serviço de saúde, ela começou o tratamento com a medicação correta, na hora certa, e os sintomas desapareceram em dois dias. Como a filha não teve febre nem os sintomas mais intensos, a família não sabe se ela chegou a ter gripe A, nem como Edilaine ficou exposta ao vírus. Na família, só ela foi diagnosticada com a gripe A.
– O que a gente orienta é que não se automediquem, que não esperem. Que procurem o serviço de saúde – reforça Mainardi.
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Pior cenário em quatro anos
Segundo a Dive, há quatro invernos não se registravam tantas mortes e casos de gripe A no Estado. Como os dias mais frios do inverno ainda não chegaram, a tendência é de que o cenário piore nas próximas semanas. Por isso, o alerta está sendo reforçado.
Quanto mais cedo o paciente começar o tratamento com o antiviral (Oseltamivir), melhor é a recuperação. A gripe causada pelo vírus influenza é uma doença grave que causa danos à saúde em todo o mundo. É transmitida a partir das secreções respiratórias, podendo também sobreviver de minutos a horas no ambiente, sobretudo em superfícies tocadas frequentemente. A partir do contato com um doente ou superfície contaminada, o vírus pode penetrar pelas vias respiratórias, causando lesão que pode ser grave e até fatal, se não tratada a tempo.
Os vírus do tipo influenza circulam durante todo o ano, intensificando-se principalmente no período de inverno, quando as pessoas buscam se abrigar do frio em ambientes fechados, o que favorece a transmissão.
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Raio X
Os números da Divisão de Vigilância do governo do Estado
Região de Joinville
Cidade Casos Mortos
Barra Velha 2 0
Barra do Sul 5 3
Garuva 1 1
Araquari 3 0
São Francisco do Sul 10 1
Joinville* 54 8
Região de Jaraguá do Sul
Cidade Casos Mortos
Guaramirim 7 3
Corupá 1 0
Schroeder 2 1
Jaraguá do Sul 11 6
Em todo o Estado, são 647 casos e 80 mortes, números atualizados até o começo de julho pela Dive.
(*) Números do dia 14/7, da Secretaria Municipal de Saúde.