No dia em que completou 63 anos, na última quarta-feira, Ismael Pugliese teve seu presente negado. De um quarto, no quinto andar do Hospital Governador Celso Ramos, no Centro de Florianópolis, o aposentado foi informado pela 13ª vez, em 64 dias de espera, que a cirurgia para tratar de duas vértebras fraturadas e infeccionadas na coluna foi remarcada.

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A agonia vivida pelo marido de Cláudia Pereira Diniz, 36, é mais um resquício da greve dos servidores da saúde, que durou 60 dias. A assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde disse que as cirurgias eletivas, como no caso de Ismael, estão sendo feitas nos hospitais estaduais. Mas não há um levantamento do tamanho da fila.

Recesso e atestados

O recesso do fim de ano para algumas funções administrativas, o aumento no número de atestados por parte de funcionários e a demanda de casos graves que continuam a chegar nos hospitais são fatores que mantêm as longas filas nos centros cirúrgicos dos hospitais estaduais.

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A cirurgia de Ismael está marcada para a próxima segunda-feira. Com problemas no pulmão e fígado e com a cirurgia considerada de risco _ pode ficar paraplégico _, ele precisa de um leito na UTI.

Esposa teve que pedir demissão por ele

Nesta quinta, a reportagem da Hora de Santa Catarina não foi autorizada a entrar no Hospital para conversar com Ismael Pugliese. O drama do paciente foi publicado no jornal na edição do dia 20 de dezembro. A esposa de Ismael, Cláudia Pereira Diniz, relata que acompanha diariamente o companheiro.

Em novembro, teve até que se demitir do emprego, pois os cinco filhos dele estão longe e somente ela poderia cuidar de Ismael.

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Fogos da virada, o casal só conseguiu ver pela janela do quarto. No aniversário de 63 anos, um cupcake e uma vela adocicaram o amargo de mais um adiamento da cirurgia.

– É um sentimento de impotência. Ver alguém que a gente gosta tanto sofrendo deste jeito, sem ter o que fazer – lamentou Cláudia.