A greve dos bancários chega ao 20º dia sem perspectivas de solução imediata e agravando os transtornos à população. Clientes enfrentam restrições para contratar financiamento da casa própria ou movimentar o FGTS, nos casos previstos em lei. Já os empresários reclamam de dificuldades para obter moedas e descontar cheques nas agências.
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A paralisação reduziu, por exemplo, a procura por empréstimos. O Indicador Serasa Experian informou que o número de pessoas em busca de crédito caiu 9,8% em setembro, em relação com o total de agosto.
Nesta segunda-feira, em assembleia geral, 38 sindicatos gaúchos rejeitam a oferta de 7,1% dos bancos. As mais afetadas são as pessoas que só fazem suas operações na boca do caixa das agências. Os que se utilizam de terminais, da internet (home banking) e de lojas conveniadas (lotéricas ou franquias) conseguem sacar dinheiro, pagar contas, depositar, repassar e providenciar empréstimos.
Nem todas as agências fecharam, outras funcionam com equipe reduzida. O diretor da Federação dos Trabalhadores e das Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Estado (Fetrafi-RS), Arnoni Hanke, garante que a greve parou 332 agências de Porto Alegre (80% do total) e mais de 700 nos demais municípios (quase 70%).
– Agências e centros de apoio não estão funcionando – diz Hanke, observando que os terminais e os serviços por internet seguem ativos.
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A Federação Nacional dos Bancos não faz balanço de greve. Não comenta nem contesta dados de sindicatos.
Segurado do INSS tem até fevereiro para atualizar seu cadastro
Comerciantes se declaram prejudicados com a greve. O primeiro diretor-secretário da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado, Jorge Prestes Lopes, diz que há entraves para obter moedas nas agências, imprescindíveis para o troco. Acrescenta que parte dos fregueses – os não adeptos a meios eletrônicos – não consegue pagar as contas ou fazer novas compras.
– Começamos a sentir um desaquecimento, que pode chegar a 30% em outubro – alerta Lopes.
A paralisação também gera preocupações desnecessárias. Segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) relatam que não podem realizar a prova de vida (atualização do cadastro bancário), para continuar recebendo o benefício. O temor é infundado: o INSS assegura que o prazo vai até 28 de fevereiro de 2014.
TST julga dissídio dos carteiros
Na tarde desta terça, ao se chegar ao 27º dia da greve nacional na Empresa de Correios e Telégrafos (ECT), o Tribunal Superior do Trabalho (TST) deve julgar o dissídio dos funcionários da companhia. O resultado poderá influenciar nas negociações para um acordo que ponha fim à paralisação.
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No Rio Grande do Sul, parte dos empregados está parada, o que afeta o fluxo da correspondência. Ontem, havia 2 milhões de volumes represados, o que equivale a um dia de trabalho dos carteiros. No sábado e no domingo, o Correios fez um mutirão, conseguindo agilizar 1,4 milhão de cartas e objetos. Sedex e malotes de entrega rápida não foram atingidos.
As versões sobre a adesão à greve são opostas. Os trabalhadores garantem que está em 60%, na média. Já a ECT assegura que 85% atuam normalmente. Hoje, os carteiros fazem assembleia geral, em Porto Alegre, para acompanhar o julgamento no TST.
Confira como a população está sendo afetada pelas greves nos bancos e nos Correios, no Rio Grande do Sul
Nos bancos
Dificuldades para encaminhar grandes financiamentos, como o da casa própria.
Dificuldades para movimentar o FGTS, naqueles casos previstos em lei
Comerciantes não conseguem obter moedas para troco junto às agências
Empresas têm restrições para descontar cheques de seus clientes
Pessoas que fazem operações somente na boca do caixa das agências bancárias (não utilizando terminais, internet, lotéricas ou franquias) estão impedidas de sacar dinheiro, pedir empréstimos, depositar ou pegar cheques
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Segurados do INSS não conseguem fazer a comprovação de vida (renovação do cadastro nos bancos), mas o instituto avisa que o prazo vai até fevereiro de 2014
Nos Correios
Duas milhões de correspondências estão represadas no Estado, o que equivale a um dia de trabalho dos carteiros
No final de semana, um mutirão agilizou a entrega de 1,4 milhão de volumes
O que os bancários pedem
11,93% de reajuste (inflação e 5% de aumento real)
PLR (participação nos lucros) de três salários mais R$ 5.553,15
Piso de R$ 2.860,21 (salário mínimo do Dieese)
Auxílios de alimentação, 13ª cesta e creche ou babá, que somam R$ 678 ao mês
Melhores condições de trabalho, com o fim de metas abusivas e do assédio moral
O que os banqueiros oferecem
7,1% de reajuste
Situação
Não há perspectiva de solução. Última negociação ocorreu na sexta-feira, sem acordo.
Segundo os bancários, a adesão à greve chega a 80% na Capital e quase 70% nos demais municípios gaúchos. Os banqueiros não comentam os números.
O que os funcionários dos Correios pedem
47,2% de reajuste (aumento real, mais inflação, perdas históricas e R$ 200 de parcela fixa)
Permanência do Correios Saúde (plano de saúde)
Auxílio-creche
Contratação de 30 mil funcionários (cerca de 3 mil para o Rio Grande do Sul)
O que os Correios oferecem
8% de reajuste salarial
Situação
Tribunal Superior do Trabalho (TST) deve julgar hoje o dissídio dos trabalhadores dos Correios.
Segundo os funcionários, a adesão à greve é de 60%. Os Correios garantem que 85% trabalham normalmente.
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