Dez dias após de ter a segunda filha, Aline da Rosa procurou a Maternidade Darcy Vargas na noite desta segunda-feira. Ela chegou por volta das 21h30 e saiu 15 minutos depois, com a seguinte orientação: “Volte amanhã de manhã”.
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Decepcionada, ela o marido, Marcelo Silveira, e as duas filhas voltaram para o Morro do Meio, onde moram, torcendo para que nada de mais grave aconteça.
Aline chegou relatando estar com um “sangramento fora do normal” e foi avisada, na portaria, de que faltariam funcionários para atendimento.
– Estou com medo de que seja uma infecção -, disse Aline.
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– Se ela piorar, voltamos de madrugada -, diz Marcelo.
A justificativa do diretor da unidade, Fernando Marques, é a falta de profissionais, principalmente técnicos de enfermagem, por causa da greve da saúde, que nesta terça completa 47 dias.
– Eles não aparecem para trabalhar. Muitos funcionários que não aderiram à paralisação estão pegando atestados, porque estão ficando doentes pelas jornadas duplas e estão sobrecarregados.
O diretor explica que uma das medidas tomadas no início da greve para amenizar a demanda foi negociar o aumento na idade para atendimentos no Hospital Infantil, que passou de 18 para 21 anos. Mas como o Infantil tem limitações, a unidade está recorrendo à Central de Regulação de Leitos, coordenada pelo SAMU, para atender aos casos mais graves.
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Sindicato dos servidores culpa liminar
A secretária do Sindicato dos Servidores da Saúde (Sindsaúde), Edileusa Fortuna, atribui a falta de profissionais na Maternidade à liminar conseguida pelo governo de Santa Catarina, que determina que os grevistas fiquem a uma distância de 200 metros dos hospitais.
Segundo ela, enquanto os profissionais protestavam dentro das unidades eles se revezavam e evitavam episódios como este.
– A partir do momento em que o governo pede na Justiça uma liminar pedindo que nos afastemos 200 metros dos hospitais, a responsabilidade é do governo.
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Antes de ir embora, sem atendimento, Aline da Rosa aproveitou para lamentar a situação da maternidade.
– Quando nasceu minha primeira filha (hoje com quatro anos), foi tudo diferente. Desta vez, eu fiquei 24 horas esperando para fazer a minha cesariana. E acho que o médico só fez porque ficou com pena de mim -, disse Aline, que fez o parto no dia 1º de dezembro.