A greve dos servidores de São José completou um mês com pouco avanço nas negociações entre sindicato e prefeitura. Em uma reunião na tarde desta quinta-feira, na Câmara de Vereadores, que chegou a ser ocupada por grevistas, a prefeita Adeliana Dal Pont propôs um aumento maior no vale-alimentação, passando de R$ 13,75 para R$ 15 ao dia. Mas o ponto de maior impasse é em relação ao reajuste salarial: o Sintam-SJ pede 11%, que representa a reposição da inflação, enquanto a prefeitura sinaliza aumento de 8,5%.

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Um projeto de lei já foi enviado à Câmara de Vereadores com as duas propostas, mas a pauta foi trancada até assembleia do sindicato na próxima segunda-feira, que pode decidir se aceita e a greve termina ou não. Com isso, serão ao menos 34 dias de suspensão dos serviços públicos municipais na cidade.

Outras manifestações estão previstas pelo sindicato até segunda. Nesta sexta-feira à tarde, os servidores planejam um protesto em frente à prefeitura.

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A administração municipal lembra que a legislação brasileira proíbe o agente público de fazer, ¿na circunscrição do pleito, revisão geral da remuneração dos servidores públicos que exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo ao longo do ano da eleição a partir do dia 05/04/2016 (data estipulada pela Resolução TSE n° 23.450/2015)¿. Por isso, segundo a prefeitura, o projeto de lei que determina os valores precisa ser aprovado pela Câmara até esta data.

No início desta semana, depois de nova assembleia, o sindicato chegou a apontar que, mesmo com a aprovação do projeto de lei, a greve poderia continuar. Por isso a busca por um consenso.

— A prefeita insiste em encaminhar mesmo assim o projeto de reajuste para a Câmara. E corre o risco de que, mesmo aprovado pelos vereadores, a greve continue — alertou Alessandra Gorges, da diretoria do sindicato.

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Cidadão espera a retomada dos trabalhos

É o cidadão comum, que depende dos serviços públicos, que mais deseja que esse consenso seja encontrado.

Marlete Constantino, mãe de um estudante de 12 anos da rede municipal, conta que, todas as manhãs, o filho liga para a escola para saber se tem aula.

— Ele fica comigo em casa. Em dias que eu tenho compromisso, ele fica com a avó. Todo dia de manhã ele liga na escola, pergunta se vai ter aula. Ele está no 7° ano e nem conhece a professora ainda, porque no primeiro dia que foi a greve começou — conta.

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Ela teme que a paralisação prejudique o ano letivo.

— Quando voltar ou vão enfiar um monte de trabalho e prova, ou não vão dar o conteúdo, e a criança não aprende direito — avalia.

Para Marlete, a negociação precisa ser rápida.

— Eles ficam nessa queda de braço entre a prefeitura e o sindicato e nada se resolve. Se eu tivesse como transferir ele de colégio, se tivesse condições de pagar, eu já tinha transferido.