A greve dos servidores federais começa a impactar na saúde da região. Os filmes radiológicos, usados para revelar os exames de raio-x do Hospital Ruth Cardoso, em Balneário Camboriú, estão acabando e a unidade só possui material para atender a demanda dos próximos quatro dias.
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O problema é devido aos atrasos na liberação de produtos que dependem do parecer da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Porto de Itajaí. Como o filme é importado, ele está parado no terminal há pelo menos duas semanas.
De acordo com a assistente administrativo do hospital, Silvana Weber, caso os filmes acabem na próxima semana, a unidade continuará fazendo o exame, mas sem poder revelá-los. A administração tentou comprar o item de uma empresa nacional, mas ela também não tem estoque suficiente.
– Por enquanto não estamos com problemas de falta de medicamentos, mas como não há um posicionamento sobre o fim da greve, nossa preocupação é que acabe – explica.
Em Itajaí, a secretaria de Saúde verificou atraso para a entrega de alguns remédios, mas como os fornecedores não culparam a greve a situação está sendo considerada normal até o momento.
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Vista grossa
O Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência do Serviço Público Federal em Santa Catarina (Sindprevs-SC) garante que os fiscais estão trabalhando com 30% do efetivo, como manda a lei, e liberando medicamentos considerados essenciais.
Porém, a coordenadora da frente de greve do sindicato, Vera Lúcia da Silva Santos, diz que a liberação está acima do volume previsto em Itajaí, o que levanta a suspeita de falta de inspeção. Segundo ela, dois fiscais da agência que não aderiram ao movimento chegaram a fazer mil liberações em um dia.
– É um número muito alto para apenas dois fiscais, sendo que com todos os fiscais trabalhando são feitas duas mil liberações no mês – destaca.
Vera explica que por conta disso podem estar sendo liberados para o consumo medicamentos contaminados. Para garantir que as inspeções sejam feitas com rigor, os grevistas estudam encaminhar uma denúncia ao Ministério Público para que os alvarás concedidos nos últimos dias sejam investigados.
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Receita e Polícia Federal continuam paradas
A greve dos servidores federais já dura mais de duas semanas para a maioria das categorias e até a noite de quinta-feira não havia perspectivas de um encerramento. O Ministério do Planejamento esteve reunido com alguns sindicatos e outras reuniões foram adiadas para hoje, o que pode deixar a definição só para a semana que vem.
No geral, os grevistas pedem reajuste salarial de 22,08%, com base nas perdas salariais desde 1995 até agora. Nesta semana, o governo propôs um reajuste de 15,08%, mas não houve acordo com os sindicatos.
Na Receita Federal continua a operação padrão, que consiste num exame mais minucioso das cargas, o que acaba atrasando a liberação. Por conta disso, o Porto de Itajaí está com 80% da sua área de armazenagem ocupada, quando o normal é 65%. Os fiscais aduaneiros seguem a mesma rotina.
Os escrivães, agentes e papiloscopistas da Polícia Federal estão atendendo apenas os flagrantes e casos emergenciais. As investigações foram suspensas e a emissão de passaportes ocorre só para portadores de necessidades especiais, pessoas que comprovem a urgência da viagem ou que já estejam com passagem comprada.
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Membros do Ministério da Saúde também estão em greve e os funcionários do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) podem aderir ao movimento no próximo dia 28, conforme o Sindprevs.