A greve dos professores da rede estadual completará um mês nesta sexta-feira. Emerson Ramos, 16 anos, está no 2º ano do ensino médio. Desde a paralisação das atividades, em 24 de março, o adolescente não tem mais aulas regulares.

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Ele é aluno da Escola Jorge Lacerda, no bairro Guanabara, em Joinville, a mais prejudicada pela greve na cidade, com 21 dos 25 professores fora das salas de aula. O movimento não tem data nem hora para acabar, já que não existe negociação entre Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte) e o governo do Estado.

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O silêncio tomou conta da hora mais agitada da Jorge Lacerda. A saída da aula, às 11h30, perdeu o burburinho. O que a secretária da escola, Marta Batista Correa, mais escuta são os telefones. Pela manhã, ela já se acostumou a receber pelo menos 50 ligações de pais querendo saber se as aulas voltaram. A resposta é um “não, sem previsão”. Por enquanto, 20 alunos de manhã e outros 20 à tarde frequentam a escola. A escola está sem professores do 8º ano do ensino fundamental ao 3º do médio.

– Estamos comendo mosquinha aqui. Não que falte trabalho, mas não tem alunos – descreve.

Segundo a coordenadora regional do Sinte em Joinville, Clarice Erhardt, não houve avanços nas negociações, mas no número de adesões à greve no Estado o acréscimo foi dos 5% aos 25%. De acordo com Clarice, o governo não os recebe para negociação desde o dia 9 de abril.

A discussão tem três pontos críticos listados pelo sindicato. A incorporação da gratificação de regência de classe ao salário-base, para os trabalhadores, representaria um achatamento salarial, pois a proposta de aumento de 20% viria com a dúvida sobre reajustes nos anos futuros.

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O segundo ponto seria dar a todos os professores o aumento de 13% no piso salarial recebido pelos iniciantes, que estariam recebendo menos do que o previsto em lei, R$ 1.900. Sinte e governo precisariam ainda entrar em acordo quanto ao plano de carreira, que na proposta oficial diferenciaria os contratados dos concursados. O sindicato pede “igualdade”.

O governo diz que somente sentará à mesa para negociar quando o sindicato encerrar a paralisação.

Reposição preocupa estudante

Nas oito cidades da região da Secretaria de Desenvolvimento Regional de Joinville – Joinville, São João do Itaperiú, Barra Velha, Itapoá, São Francisco do Sul, Araquari, Balneário Barra do Sul e Garuva – existem 43 escolas com as rotinas afetadas pela paralisação. São 235 professores fora das salas de aula. Uma das que estão vazias é a do Emerson. A dona de casa Laura Ramos, mãe do rapaz, não se conforma com a ausência do filho na escola.

– A gente cuida tanto para não faltar uma aula – diz a mãe de Emerson, que quase todos os dias liga para Marta, a secretária da Escola Jorge Lacerda.

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Nas greves de outros anos, Emerson era mais novo e ainda não trabalhava. Hoje, ele está empregado no almoxarifado de uma empresa e preocupado com o futuro próximo.

– Como repor as aulas? – é o questionamento da mãe e do filho, diante da rotina de trabalho pela manhã e de estudos, que deveriam acontecer todas as tardes.