Pontos de ônibus vazios. Transporte coletivo circulando com menos passageiros que o habitual. Trânsito intenso. O anúncio de paralisação dos trabalhadores da Blumob surtiu efeito em toda a cidade no começo da manhã. Porém, apenas os moradores da região do Garcia ficaram, de fato, sem ônibus nesta sexta-feira (14).
Continua depois da publicidade
O sindicato que representa os trabalhadores do transporte coletivo de Blumenau (Sindetranscol) anunciou na tarde desta quinta-feira (13) que haveria paralisação do serviço ao longo de todo dia nesta sexta. No entanto, a entidade cumpre a determinação judicial que a obriga manter 90% do total de trabalhadores em atividade. Em caso de descumprimento, os trabalhadores terão de pagar multa diária de R$ 100 mil.
Vice-presidente do Sindetranscol, Osni Schmitt explicou que uma assembleia será feita por volta das 9h na sede do sindicato, no Garcia, para que os 42 trabalhadores que aderiram ao movimento decidam que horas retornarão às atividades. De acordo com ele, a Blumob tem cerca de 1.200 funcionários.
— Veja bem, a determinação da liminar é que a gente mantenha 90% dos funcionários trabalhando. Justamente por isso escolhemos o terminal do Garcia, que é pequeno. São 21 ônibus sem circular — disse Schmitt.
No Garcia, apenas o Troncal 10 está circulando, já que parte de outro terminal. A Secretaria de Transportes e Trânsito (Seterb) liberou os corredores de ônibus para os carros por volta das 6h, exceto o da Rua 2 de Setembro, pois funciona no sentido contrário ao fluxo de automóveis.
Continua depois da publicidade
Agentes de trânsito estão espalhados por toda a cidade, especialmente na região Sul. De acordo com Schmitt, novas paralisações pontuais podem ocorrer na próxima semana.
O movimento, segundo a entidade, é um protesto diante da "paralisação das negociações" e "a intransigência da empresa (Blumob) no atendimento mínimo das reivindicações" da data-base da categoria, que é 1º de novembro.
A categoria já havia aprovado estado de greve em assembleia na última quarta-feira (5). A paralisação programada para amanhã é mais um capítulo do impasse envolvendo os trabalhadores e a Blumob, que já dura três meses. Até agora não houve acordo entre as partes sobre a campanha salarial.
Entenda o caso
A negociação chegou a ser feita com mediação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT). No fim de novembro, motoristas e cobradores aprovaram em assembleia os termos apresentados no TRT pelo desembargador Roberto Luiz Guglielmetto.
Continua depois da publicidade
O acordo previa reajuste de 2,55% no salário e no vale-alimentação, índice que corresponde à inflação dos últimos 12 meses segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) — esse percentual inclusive já foi repassado às folhas de pagamento dos profissionais.
Dessa forma, a categoria abriu mão de pedir os 5% de aumento real que eram reivindicados antes de a negociação avançar para o tribunal. Em contrapartida, aceitou a proposta que previa a manutenção das cláusulas sociais da atual convenção coletiva de motoristas e cobradores e a implantação de um Plano de Participação nos Resultados (PPR), um benefício novo na realidade local, mas que já existe em sistemas como o de Florianópolis.
As conversas no tribunal, no entanto, não avançaram. O Sindetranscol alega que a empresa recusou a proposta. Segundo o sindicato, os pontos que têm gerado mais dificuldade seriam o aumento real ou a criação do PPR, o aumento real no vale-alimentação, a mudança na nomenclatura da classe de cobrador para agente de bordo e a alteração da data-base de novembro para setembro.