A jovem Patrícia Moreira da Silva, flagrada chamando de macaco o goleiro do Santos Aranha na última quinta-feira, durante partida válida pela Copa do Brasil na Arena, vai prestar esclarecimentos à Polícia na próxima quinta-feira. O advogado dela, Alexandre Rossato, confirmou nesta terça-feira que ela vai se apresentar nesta data, mas não informou o horário e o teor do depoimento.

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Ameaçada de morte, gremista de ato racista pedirá desculpas

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Ontem, ZH conversou com um dos irmãos da gremista, que disse que ela quer pedir desculpas ao goleiro do Santos pelo episódio. Segundo ele, a menina não é racista e está desesperada com a repercussão do caso. Quatro horas depois de deixar a Arena após a derrota do Grêmio para o Santos por 2 a 0 pela Copa do Brasil, ela teve a real dimensão das consequências dos gritos.

Ainda na madrugada de sexta-feira, Patrícia começou a receber ameaças de morte e estupro pelo Whatsapp e teve de se refugiar na casa de familiares fora de Porto Alegre. Na noite de sexta-feira, a casa da garota gremista foi apedrejada por um vizinho:

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– Ela errou e admite. Nós temos consciência disso, mas ela nos disse que estava no embalo do jogo, da Geral do Grêmio. No momento certo, ela virá a público para se desculpar com o Aranha. É um momento muito difícil para nós todos, que nunca nos envolvemos em problemas com a Justiça – disse o irmão de Patrícia ouvido por ZH.

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As hostilidades, que motivaram a gremista a excluir seus perfis nas redes sociais devido a um “linchamento” público, não ficaram restritas apenas a Patrícia. Uma das filhas do irmão dela, que é adolescente e colorada, não foi à escola na segunda-feira com medo de represálias dos colegas.

Os familiares temem uma pressão ainda maior após o julgamento da próxima quarta-feira, quando o Grêmio pode ser penalizado devido aos incidentes racistas e perder pontos ou mandos de campo em competições nacionais.

– Ela terá de se mudar, não tem mais condições de continuar no mesmo lugar (um bairro popular da zona norte de Porto Alegre). Queremos dizer ao Brasil que a Patrícia não é racista, ela agiu errado, mas tem muitos amigos negros, somos pessoas humildes, não merecemos todo esse linchamento que está ocorrendo – afirma o irmão dela.

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Na manhã desta terça-feira, Rodrigo Rychter, identificado em imagens da Arena insultando o goleiro, negou à polícia ter praticado injúra racial. Além dele, o estudante de Ciências Contábeis Tiago Bulzing de Oliveira, 23 anos, chegou à 4ª DP para depor e disse que foi confundido com outra pessoa.

Assista ao vídeo do ato racista:

Geral tem atividades suspensas

O Conselho de Administração do Grêmio divulgou nota na tarde de segunda-feira na qual suspende por tempo indeterminado a torcida Geral de qualquer atividade relativa ao clube. Em quatro itens, o texto cita ainda que os cânticos entoados na partida de domingo, contra o Bahia, tiveram “claramente o objetivo de prejudicar” a agremiação.

Na prática, a medida é uma resposta do clube aos cânticos racistas entoados por integrantes da Geral nos últimos jogos. A torcida será impedida de ingressar na Arena com qualquer identificação, ou elemento que faça referência à organizada.

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– Não entra pano, faixa, nenhuma identificação. Se forem à paisana, não há como impedir. Mas organizadamente, como torcida identificada, a Geral não poderá entrar na Arena – afirma Lauro Noguez, delegado de polícia aposentado e conselheiro nomeado por Fábio Koff para a assessoria especial de assuntos da torcida.

A Geral também será proibida de utilizar marcas de propriedade intelectual do clube. Caso a torcida comercialize produtos ligados ao Grêmio, poderá ser acionada por pirataria.

Grêmio se manifestou contra o racismo no domingo: