A Grécia e seus credores chegaram na madrugada desta terça-feira a um acordo sobre os objetivos orçamentários de Atenas até 2018, informou um funcionário do governo citado pela agência de imprensa ANA.
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Em 2015, ficou acertado que a Grécia poderá ter um déficit primário de até 0,25% do PIB, antes de um excedente primário de 0,5% do PIB em 2016, de 1,75% em 2017, e de 3,5% em 2018, segundo a fonte.
Estes objetivos diferem das metas que a Grécia e seus credores trabalhavam até junho, que previam um excedente primário de 1% já em 2015, 2% em 2016, 3% em 2017 e 3,5% em 2018.
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O compromisso sobre os objetivos financeiros é um primeiro passo em direção a um acordo para o plano de socorro à Grécia de 82 bilhões de euros, negociado entre Atenas e seus credores (UE, BCE, FMI e Mecanismo Europeu de Estabilidade) há duas semanas.
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As negociações entre Atenas e seus credores sobre um terceiro resgate à Grécia foram retomadas na segunda-feira, depois de reuniões que duraram todo o final de semana.
Segundo Annika Breidthardt, porta-voz da Comissão Europeia, os credores “trabalham de mãos dadas com as autoridades gregas, mas as conversações prosseguem sobre alguns pontos pendentes”.
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De fato, ainda restam vários pontos para serem consensualizados, como o aumento de impostos sobre rendas altas e do IVA, entre outras questões. Há ainda a sorte reservada aos 90 bilhões de euros de dívidas incobráveis que sujam o balanço dos frágeis bancos gregos. As opções apontadas são uma cessão a fundos especializados ou a criação de um “banco ruim”.
Após se ausentar das negociações para se reunir com o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, o ministro das Finanças, Euclides Tsakalotos, disse na noite de segunda-feira que as negociações “se desenvolvem bem”, mas não arriscou cravar um acordo para esta terça.
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Para conquistar a opinião pública, Tsipras anunciou que aumentará os impostos sobre os deputados e reduzirá os salários dos ministros.
– Quando a questão do fim das isenções fiscais aos agricultores está sobre a mesa, não podemos ignorar nossas próprias vantagens.
O texto do acordo pode ser votado pelos deputados gregos na quinta-feira e no dia seguinte apresentado aos ministros da Economia do Eurogrupo.
Um cenário ideal permitiria a entrada em vigor do plano de ajuda antes de 20 de agosto, data em que a Grécia deve pagar 3,4 bilhões de euros ao BCE.
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Dado o bom ambiente atual de colaboração entre Atenas e seus credores, inédito desde a chegada do Syriza de Alexis Tsipras ao poder em janeiro, não parece que há riscos de os credores de Atenas deixem o país em uma posição que impeça o pagamento da dívida.
A Alemanha parece favorável a não ceder imediatamente ou a prolongar ao máximo as negociações, acordando somente um financiamento-ponte a Atenas para o pagamento ao BCE, em um gesto parecido ao da UE em julho, que emprestou 7 bilhões à Grécia depois de fechar o acordo que abria a possibilidade de um terceiro resgate.
O empréstimo serviu para o pagamento de 4,2 bilhões ao BCE com vencimento em 20 de julho, e dos 2 bilhões que deveriam ter sido pagos ao FMI desde o final de junho.
Nesta segunda-feira, o governo alemão disse, por meio de seu porta-voz Steffen Seibert, que considera mais importante fechar um acordo “exaustivo” com a Grécia do que um acordo rápido.
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A imprensa grega voltou a apontar a possibilidade de Tsipras, que continua tendo alta popularidade, convocar eleições antecipadas em breve, para consolidar-se entre suas bases diante da oposição ao acordo pela ala mais à esquerda de seu partido.
O jornal de centro esquerda Ethnos indicou dois possíveis cenários para Tsipras: esperar até novembro para ver-se fortalecido por eventuais novas concessões dos credores à Grécia, ou aproveitar a dinâmica atual e a falta de preparo da oposição para convocar eleições até meados de setembro.
* AFP