O maior medo de Sabrina Cunha da Silva, 31 anos, era morrer no parto de Leonardo, hoje com dois anos. Depois de uma gravidez difícil, ela se viu tomada pelo pessimismo antes de dar à luz. Seu pavor era não conseguir chegar ao final do doloroso processo que traria seu filho ao mundo.
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– Me apavorava pensar que eu pudesse não conhecê-lo. Sofri muito para segurá-lo dentro de mim durante 38 semanas e achei que alguma coisa de ruim pudesse acontecer na hora do nascimento. Achava que ia morrer – recorda Sabrina, que comemora todos os dias a superação dessa fase.
Segundo a psicanalista Ana Paula Melchiors Stahlschmidt, o parto representa o ápice deste complexo período da vida de uma mulher que é a gravidez, um momento delicado que vai separar fisicamente dois seres que há nove meses estavam unidos biologicamente.
– Muitas das questões que permeiam a gravidez ficam centralizadas no parto, ponto culminante em que fantasias darão lugar a uma verdade desconhecida e, por isso, muitas vezes temida. E o medo está relacionado a muitas questões profundas, como dúvidas se o bebê vai atender às expectativas, se ela terá um bom desempenho, se o bebê será saudável e assim por diante – explica Ana Paula.
Há também o medo da dor física do parto normal, da anestesia, da cesárea, da episiotomia (corte da vulva e da vagina). Motivos não faltam para sentir calafrios.
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– Algumas culturas têm por hábito glorificar como “boa parideira” a mulher que lida bem com a dor, não faz escândalo. Até muitas equipes de médicos, enfermeiras e auxiliares de certa forma valorizam isso – acrescenta Ana Paula.
Quando uma grávida sente medo em demasia, é recomendável procurar ajuda. As doulas, por exemplo, são profissionais que oferecem atendimento a gestantes e também a seus companheiros e bebês.
– Acredito que cuidar das gestantes e bebês desde o início pode aliviar qualquer tipo de angústia – aconselha a psicóloga e doula Débora Meister Ortola.