Após cerca de quatro meses sem registro de casos, Itajaí voltou a diagnosticar uma pessoa com dengue no mês de dezembro. Desta vez a paciente foi uma gestante, que recebeu atendimento médico e passa bem. No imóvel onde ela mora, no bairro São Vicente, agentes da Secretaria de Saúde encontraram larvas do mosquito Aedes Aegypti em uma capota de veículo que estava no pátio.
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O novo registro fez com que Itajaí fechasse 2015 com 3.157 casos confirmados – em todo o país, foram 1,59 milhão de ocorrências. O diagnóstico em uma gestante também acendeu um alerta, já que o município contabilizou suspeitas de zika vírus, possível causador da microcefalia em bebês, no ano passado.
– A situação é ainda mais preocupante por se tratar de uma mulher grávida. Foi dengue, mas poderia ter sido zika. A comunidade precisa fazer a sua parte, cada pessoa tem que cuidar da sua casa, do seu pátio – reforça Lúcio Vieira, coordenador do programa de Combate à Dengue no município.
Nos postos de saúde a preocupação de quem está esperando um bebê também aumentou. Moradora do bairro Fazenda, Maria José Barp, não sai de casa sem repelente. Grávida de três meses, ela conta que as informações sobre o zika começaram a aparecer uma semana depois de descobrir a gestação.
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– Assim que me falaram sobre a doença me apavorei. Já tomava os cuidados com a dengue e agora ainda mais. A gente se previne para não deixar água parada, sempre uso repelente e procuro sair de calça comprida e blusa de manga – conta.
O casal Letícia Caravita Abbade e Pytter Elias Santos Jesuíno também tomou alguns cuidados contra o mosquito da dengue durante a gravidez. Letícia está no sétimo mês de gestação. Em casa, eles compraram dois repelentes elétricos para se prevenir, além de evitar o acúmulo de água.
– Nos falaram que o zika vírus seria mais perigoso no início da gravidez, então como já estava de cinco meses quando surgiu a doença não me preocupei tanto. Agora estamos controlando mais. Ele (Pytter) ficou mais assustado e comprou os repelentes – explica Letícia.
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Ianca Machado diz que também não recebeu dicas sobre o zika e a microcefalia durante as consultas de pré-natal. Grávida de quase nove meses, ela não usa repelente, mas explica que toma todos os cuidados contra o Aedes Aegypti em casa.
– Vi algumas matérias e procuro me prevenir contra o mosquito da dengue.
Conforme a supervisora da Saúde da Mulher em Itajaí, Zulmira Pezzini Paes, o município ainda elaborando estratégias contra a doença. Porém, com o calor e as chuvas constantes, as condições para proliferação do mosquito ficam mais propícias e exigem um cuidado redobrado da população. Até sexta, Balneário, Itajaí e Itapema precisam implantar Salas de Situação para monitorar o combate ao mosquito.
Médica aconselha o uso do repelente
Logo que surgiram informações relacionando o zika vírus como possível causador da microcefalia em recém-nascidos o tumulto nos consultórios e unidades de saúde de Itajaí foi grande. A ginecologista e obstetra Ana Comin conta que atualmente a situação está mais tranquila, mas alerta que ainda há poucas informações sobre a epidemia.
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– O Ministério da Saúde diz que em qualquer momento da gravidez contrair o zika vírus pode gerar problemas. Eu particularmente acredito que é muito pior no início. Acho que todas devem se cuidar, mas ainda virão novas informações sobre esse assunto – comenta.
De acordo com a médica, podem existir outros causadores da microcefalia, já que ela ocorria antes mesmo da descoberta do zika vírus. Ana explica ainda que apesar da epidemia, pelo menos a população está mais consciente.
– Itajaí é uma cidade que tem uma população gestante muito grande. O Hospital Marieta, por exemplo, chega a fazer 350 partos por mês e essa situação mobilizou as pessoas em relação a prevenção contra o mosquito, que sempre foi muito negligenciado – afirma.
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Apesar das informações que sobre o zika vírus e a epidemia de microcefalia – são 3.174 casos suspeitos no Brasil – serem escassas, a médica relata que há cuidados que devem ser observados pelas gestantes. Além de não acumular água, as mulheres grávidas devem usar repelentes:
– Os dois tipos de repelentes existentes no mercado (deet e icaridina) são eficazes e devem ser reaplicados conforme a instrução do fabricante. Orientamos a não passar o spray no rosto, mas ele pode ser usado em cima da roupa. O repelente de tomada também é eficaz e não faz mal para as gestantes – ensina.