A enchente histórica que castiga Taió, no Alto Vale, fez famílias inteiras deixarem tudo o que têm para trás para preservar as próprias vidas. Foi o que aconteceu com Elenice Granemann, 33, grávida de três meses. Ela, o marido, os dois filhos e um cachorro caminharam por uma hora no meio do mato para escapar da cheia. A água quase cobriu a casa deles.
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Elenice conta que acompanhou os alertas durante a semana e ergueu os móveis por achar que a altura do rio não passaria dos 12 metros. Na sexta-feira (6), ao ver a água já na porta de casa, no bairro Ribeirão Pinheiro, deixou o lar com apenas duas sacolas de roupas, documentos, o companheiro e os pequenos de sete e 13 anos. Com a rua já alagada, a família teve de fazer um caminho alternativo e caminhar por cerca de uma hora em meio ao matagal e às arrozeiras.
Partiram então para a casa da tia dela, que mora em um morro. De lá, passou a receber fotos e vídeos de vizinhos que mostraram o avanço da água. O nível foi maior que o esperado e Elenice viu o imóvel ser tomado pela enchente. Com a voz trêmula e um choro contido, a moradora desabafa:
— Não sei nem por onde vou começar, como a casa vai ficar… A gente vai reconquistar as coisas, mas é difícil.
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A mulher vive na cidade há 11 anos, mas o marido reside há 32. Para ele, não houve cheia pior. A percepção foi confirmada pela prefeitura. Segundo a administração do município de pouco mais de 18 mil habitantes, o cenário é semelhante ao visto na enchente de 1983 e já supera a de 2011. Na tarde de segunda-feira (9) o nível da água era de pouco mais de 12 metros.

Boa parte da cidade ficou debaixo d’água e no domingo (8), quando a situação piorou, os chamados foram tantos que ao ver 80 ligações represadas a prefeitura pediu socorro ao Estado. Para ajudar, o Exército de Blumenau enviou uma verdadeira força-tarefa com soldados, botes, veículos blindados, caminhões, entre outros. As equipes chegaram nesta segunda.
Elenice e o marido fazem parte de um grupo ainda não contabilizado pelo município: o de moradores que ficaram desalojados e estão nos imóveis de parentes ou amigos. Em abrigo público há mais de 300 pessoas.
O casal trabalha em empresas da região e agora aguarda a situação normalizar para voltar ao serviço e à residência. Elenice tenta manter a cabeça no lugar e o otimismo. Sabe que tempos difíceis virão, que muitos bens serão perdidos, mas que a vida de todos foi poupada e, com isso, haverá forças para recomeçar.
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