Com produtos destinados desde a classe A até o segmento popular, grandes redes de supermercados estão de olho em Joinville. A Condor (do Paraná) e a Belem (de Mafra, no Planalto Norte) confirmaram o desembarque no município neste ano. A primeira está se instalando próximo à zona Sul, e a segunda, na zona Norte.
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Outra aposta para a zona Sul de Joinville é o Atacadão, um misto de atacado e varejo da rede francesa Carrefour, que entrou com o pedido de licença prévia junto à Secretaria do Meio Ambiente (Sema) para início da construção. O prazo de análise, segundo a Sema, é de 60 dias e já está correndo.
Na zona Leste, o Fort Atacadista, outro supermercado bem conhecido dos joinvilenses, analisa o cenário para decidir se abre uma terceira unidade na cidade, no bairro Aventureiro. Especulações também surgiram a respeito da vinda da Rede Top, de Blumenau, que se instalaria no bairro Iririú, onde funcionava a unidade Todo Dia, do Grupo Walmart, e que fechou neste ano. A Rede Top não confirma o investimento.
– Temos grande interesse em firmar presença na maior cidade do Estado e estreitar relacionamento com o público joinvilense. Entretanto, neste momento, os nossos esforços estão direcionados para a inauguração da 30ª loja da rede, prevista para abril em Blumenau – informou a empresa por meio de nota.
A presença de grandes redes em Joinville não é novidade. Só que, desta vez, os olhares começam a se afastar da região central, o que preocupa os comerciantes dos bairros. Há motivo para isso.
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De acordo com o presidente do Núcleo de Supermercadistas da Associação Empresarial de Joinville (Acij), Marcos Mattiola, a preocupação se deve ao fato de que até agora os mercados de bairro sentem menos os efeitos da crise. Na área central, a queda no consumo é mais acentuada. O que se vislumbra é o aumento da disputa pelo consumidor que prefere comprar perto de casa.
– Para aumentar a receita, os supermercados têm que chegar perto do cliente. Próximo dos bairros, fica mais fácil aumentar a clientela que tem dificuldade de se deslocar para o Centro por causa do trânsito. Os supermercados precisam se reinventar para encarar este novo ano – analisa Matiolla.
Nos bairros, apesar da clientela fiel e de demissões apenas pontuais em pequenos e médios estabelecimentos, os comerciantes não estão acomodados. O núcleo da Acij fechou uma negociação coletiva recentemente para reduzir o valor da taxa cobrada pelas operadoras de cartões de crédito.
– Pequenos mercados conseguiram taxas antes só disponíveis para os grandes empreendimentos – comemora Matiolla.
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A redução da taxa representa uma economia de R$ 65 mil por mês, ou R$ 780 mil no ano, somando todos os 30 estabelecimentos associados ao núcleo. O valor cobrado em cada transação de débito baixou de R$ 1,80 para R$ 0,86. No crédito, de R$ 2,80 para R$ 1,38.
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Oportunidades em meio à crise
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Joinville, Danilo Conti, atribui o interesse de grandes redes de supermercados na cidade em plena retração econômica às oportunidades que as épocas de crise oferecem a grupos que têm recursos em caixa.
– Ganha-se muito na negociação com os fornecedores, já que todo mundo precisa fazer caixa, e isso ajuda a fazer os empreendimentos. A crise não vai durar para sempre, e aos poucos vai se adequar dentro do cenário que se apresenta. Capital estrangeiro e dólar desvalorizado ajudam quem tem dinheiro para investir – diz Conti.
Para Zefiro Giassi, presidente da Rede Giassi, o momento é favorável à compra de imóveis. Segundo ele, oportunidades estão surgindo em áreas onde antes não se conseguia.
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Prova disso é que a Rede Giassi comprou, em 2015, um terreno de 21.400 metros quadrados no Centro de Jaraguá do Sul, nas imediações do Jaraguá Park Shopping. Há outro projeto em construção na cidade de Itajaí, mas nenhum deles com datas de inauguração previstas.
O executivo lembra ainda que na crise a mão de obra está mais disponível. Porém, com rentabilidade menor, projetos de expansão devem ser mais controlados, pois existem dificuldades e oportunidades.
Conforme Giassi, a segunda unidade da rede em Joinville, instalada em julho de 2014 no bairro Bucarein, próximo ao Centro, vem apresentando bons resultados. A loja fica na mesma região em que a rede paranaense Condor vai se instalar.
Com R$ 50 milhões de investimentos, as obras da Rede Condor estão adiantadas e o processo seletivo para contratar cerca de 400 profissionais já foi finalizado. A inauguração da loja acontecerá ainda no primeiro semestre deste ano, segundo a previsão mais recente da companhia. Sobre a chegada da concorrência, Giassi antecipa: não fará guerra de preços.
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– Muitas vezes, não compensa contra-atacar para tentar impedir, pois é importante para a cidade. Pode não ser tão bom para quem divide a fatia, mas é bom para Joinville – afirma.
“A tendência é que o setor continue a crescer”
O presidente da Associação Catarinense de Supermercados (Acats), Atanázio dos Santos Netto, tem uma visão otimista da movimentação em Joinville, apesar do resultado negativo das vendas em Santa Catarina em 2015. Ele acredita que há espaço tanto para as grandes redes quanto para os mercados de bairro. Confira os principais trechos da entrevista dada por ele ao jornal “A Notícia”:
Resultados
– O setor supermercadista catarinense é extremamente dinâmico e apresentou dados de crescimento acima da média nacional na última década. Só em 2015 foi que Santa Catarina encerrou o ano com resultado negativo (-0,50%).
Requalificação
– O crescimento na última década tem vários fatores. A conjuntura econômica favoreceu o aumento das vendas e as empresas se modernizaram, investiram em novas instalações e na requalificação dos profissionais. Isso se reflete na movimentação macroeconômica do setor, estimulando novos investimentos.
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Norte do Estado
– Várias redes estão buscando seu espaço para crescerem na região Norte de SC. O segmento supermercadista é responsável pelo abastecimento de mais de 80% dos itens de alimentação, higiene e limpeza das famílias. A tendência é que o setor continue a crescer, talvez não em uma velocidade alta como vinha acontecendo. Os negócios bem estruturados e que estejam perfeitamente encaixados na realidade econômica do seu entorno irão prosperar. A Grande Joinville tem o maior número de supermercados filiados à Acats, na sua grande maioria lojas de bairro, todas bem-sucedidas nas respectivas localizações. Isso não impede a convivência com lojas de maior porte igualmente bem aceitas e consagradas pelos consumidores.
QUEM VEM NESTE ANO
Rede Condor
Localização: rua São Paulo, no bairro Bucarein, região central.
Área: 26 mil m², sendo
5,5 mil m² destinados à área de vendas.
Supermercado Belem
Localização: bairro Bom Retiro, dentro do Garten Shopping, na zona Norte.
Área total: 4 mil m².
AGUARDANDO AUTORIZAÇÃO DO ÓRGÃO AMBIENTAL
Atacadão (Grupo Carrefour)
Localização: bairro Floresta, na zona Sul.
ANALISANDO O MERCADO
Fort Atacadista
Localização: bairro Aventureiro, na zona Leste (se confirmado, será a terceira unidade da rede na cidade).