Algumas das maiores marcas do planeta estão aderindo à campanha "Stop Hate for Profit" ("Chega de ódio pelo lucro" em tradução livre), que estimula empresas a suspenderem seus anúncios pagos nas plataformas pertencentes ao Facebook. O intuito do boicote é cobrar do Facebook ações mais rígidas contra a desinformação e o discurso de ódio em todas as suas redes sociais.
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Criada nos Estados Unidos por grupos de organizações sociais e de direito civil, a campanha já tomou grandes proporções em todo o planeta e causou prejuízos às redes sociais de Mark Zuckerberg. Na sexta-feira, 26 de junho, depois que a Unilever anunciou a adesão ao boicote, as ações do Facebook caíram 8,3% em Nova York, o que representa uma perda de US$ 56 bilhões em valor de mercado. Horas mais tarde, Coca-Cola, Honda, Verizon e Levi Strauss se juntaram à campanha, que viu o número de participantes crescer exponencialmente no final de semana.
O boicote sem precedentes como este está sendo um golpe duro ao Facebook, que viu grande parte de sua receita comprometida em poucos dias. Na segunda-feira (29), foi a vez da Ford, Microsoft e Adidas anunciarem a suspensão dos investimentos em publicidade. Na terça (30), a Puma também aderiu publicamente ao protesto, somando centenas de nomes à lista do boicote e bilhões de dólares em prejuízo ao Facebook.
Movimento de impacto
A falta de compromisso do Facebook com o combate à desinformação e com o discurso de ódio vem sendo alvo de críticas há vários anos, tendo ficado evidente depois da última eleição presidencial nos Estados Unidos, em 2016. A campanha ficou marcada pelo alto número de notícias falsas que veicularam nas redes de Zuckerberg e popularizou o termo “fake news” em todo o mundo.
Uma das principais denúncias do movimento “Stop Hate for Profit” tem a ver com o fato de que, desde 2016, pouca coisa mudou na forma como o Facebook se posiciona quando o assunto é discurso de ódio e desinformação. E com as eleições americanas marcadas para novembro deste ano, o temor é que a plataforma seja utilizada para espalhar informações inverídicas que podem mudar o rumo da corrida presidencial.
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Com a suspensão dos anúncios pagos, o intuito das marcas é forçar o Facebook a ser mais severo na moderação do conteúdo que dissemina nas redes sociais. Por isso, o boicote ataca a empresa onde dói mais: no bolso.
Além disso, o fato de grandes marcas se envolverem com a campanha foi essencial para chamar a atenção do Facebook, já que o mesmo movimento feito apenas pelos usuários teria pouco efeito ou até mesmo baixa adesão. Afinal, o Facebook também é detentor de marcas como Instagram e WhatsApp, que são parte essencial da rotina de muita gente.
Para as marcas, não faz sentido levar seu nome a um ambiente que não compactua com seus ideais e onde não há garantia de credibilidade das informações. Ninguém quer ver seu anúncio dividindo espaço com discursos que fomentam mentiras ou, ainda, o racismo, a homofobia, a perseguição religiosa e qualquer tipo de preconceito.
Em um momento em que os consumidores estão exigindo posicionamento das empresas, resta a elas buscarem se associar a plataformas que contribuam para a sua credibilidade. Nesse contexto, as mídias essenciais ganham cada vez mais destaque como meios de confiança.
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Em pesquisa divulgada pelo Datafolha, os meios TV, jornal e rádio assumiram a liderança entre os que o público mais confia, especialmente no cenário de pandemia de coronavírus. Dos entrevistados, 61% disseram confiar nas informações fornecidas pelos programas jornalísticos de televisão, enquanto para o jornal o número foi de 56%. Quanto às redes sociais, apenas 12% relataram confiar nas informações que recebem via WhatsApp ou Facebook.
Esse contexto deixa clara a importância de investir em confiança quando o assunto é comunicação de marca. Cada vez mais, o público busca segurança nas informações que recebe, e as empresas devem seguir atentas a essa mudança de comportamento se quiserem continuar se conectando com seus consumidores.
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