Com a produção em baixa, grandes empresas da região Norte do Estado partiram para a redução de jornada e salários nas últimas semanas. A justificativa se repete: fraca atividade econômica e tentativa de evitar demissões.
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São companhias tradicionais de setores distintos, plástico, têxtil, confecção e eletroletrônico. Tigre e Lepper, em Joinville, e Weg, em Jaraguá do Sul, já conseguiram a aprovação dos trabalhadores. A Malwee, também de Jaraguá, está em processo de votação e anunciará o resultado nesta semana. Com menos dinheiro no bolso, os profissionais ficarão em casa às sextas-feiras.
Mas elas não são as únicas. Na indústria de plásticos Víqua, de Joinville, o período de redução de jornada e salários começou em fevereiro e foi renovado para o período de abril a junho. A jornada foi reduzida em 18% e os salários em até 15%.
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Tigre
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A fabricante de tubos e conexões em PVC confirmou, nesta quarta-feira, a redução de jornada de trabalho e salários de 600 funcionários da unidade de Joinville a partir de 1º de julho. A medida foi aprovada em assembleia sexta-feira passada e conseguiu a adesão de mais de 90% dos trabalhadores.
O acordo prevê a diminuição de 20% do total de horas mensais trabalhadas e 15% do salário nominal de funcionários das áreas administrativas e dos setores de pesquisa e desenvolvimento e de engenharia. Na prática, estes profissionais não vão trabalhar às sextas-feiras por um período de três meses, renováveis por mais três.
– A medida tem como objetivo manter postos de trabalho, causando o menor impacto possível a funcionários e suas famílias. Além disso, visa garantir a competitividade da companhia, diante de um cenário econômico complexo e desafiador: o mercado de construção civil caiu cerca de 20% e mais de 17 mil lojas de materiais de construção fecharam. Ainda assim, a companhia reforça que está empenhada em buscar alternativas sustentáveis para todos, pois acredita na recuperação econômica do País, e na plena retomada da demanda – explicou a empresa por meio de comunicado.
Lepper
Pela primeira vez, a Cia. Fabril Lepper, fabricante de produtos de cama, mesa e banho de Joinville, vai reduzir a jornada de trabalho, e o motivo é a crise econômica. A medida foi aprovada em assembleia por 96% dos trabalhadores no dia 16 de junho e entrou em vigor no última sexta-feira, com validade de 90 dias. A empresa também demitiu 43 funcionários, ficando com 524 trabalhadores.
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O acordo com o sindicato têxtil estabelece que não haverá novas demissões sem justa causa durante o período de redução da jornada. Os funcionários ficarão em casa um dia por semana, às sextas-feiras, e serão descontados em 50% do valor referente àquele dia. De acordo com o presidente do sindicato, Livino Steffens, a medida impacta cerca de 70% dos profissionais dos setores administrativo e da produção.
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Em nota, o vice-presidente da empresa, Zeno Fischer, informou que a companhia sente os efeitos da retração do comércio varejista de maneira geral e que as medidas foram tomadas para manter níveis saudáveis da operação e adequá-la à realidade da demanda do mercado.
– A empresa espera confiante que, após esse período, possa retomar o crescimento no seu nível de produção e eventual empregabilidade – finaliza o vice-presidente.
Weg
O grupo Weg adotou a redução de jornada e salários em 1º de junho com aprovação de 80% dos funcionários. A empresa de equipamentos eletroeletrônicos vai operar nesta condição até agosto. Em nota, a empresa explicou que o objetivo é enfrentar a diminuição na demanda em alguns segmentos de negócios que têm sido mais afetados pela deterioração das condições econômicas brasileiras.
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A proposta prevê redução média de 9,3% em horas e 7% em salário para as unidades Motores, Automação, Transmissão e Distribuição, Tintas e Corporativo, e redução média de 17,3% em horas e 13% em salários para a unidade Energia, mais afetada pela crise.
A previsão é de que cerca de 13.700 colaboradores participem da redução nas unidades fabris de Jaraguá do Sul, Guaramirim, Blumenau, Gravataí e cidade de São Paulo.
– Nossa principal preocupação é a de minimizar os impactos da atual situação econômica sobre os nossos colaboradores. Estamos trabalhando em diversas frentes para redução de despesas e aumento de produtividade. Sobretudo, queremos preservar a equipe que possuímos na Weg e estar preparados para a retomada dos negócios no futuro – declarou o diretor de RH da Weg, Hilton José da Veiga Faria.
Malwee
Os funcionários da Malwee votam nesta semana a proposta de redução de 8% na jornada e 4,77% nos salários, com duas sextas-feiras de folga por mês. O resultado da assembleia será conhecido nesta sexta-feira. Se aprovada, a redução de jornada e salários ficará em vigor entre julho e setembro, podendo ser prorrogada por mais três meses. Neste ano, a empresa demitiu 700 funcionários.
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Em nota, o Grupo Malwee argumenta que precisou realizar desligamentos de profissionais para equacionar sua força de trabalho à atual demanda do mercado. Disse, ainda, que o ambiente econômico de fraca atividade, tanto na indústria, quanto no varejo e consumo, bem como a perda de poder aquisitivo dos brasileiros impacta negativamente a economia brasileira, e o mercado de moda e vestuário em particular, motivo pelo qual o grupo vem adequando a operação à realidade da economia nacional.
O grupo ressalta que acredita na retomada do mercado de moda e vestuário no médio prazo. A proposta de redução de jornada e salários, segundo a Malwee, é a alternativa encontrada para preservar os empregos e adequar sua força de trabalho à atual realidade do mercado.