A Grande Florianópolis passou de 67% para 88,6% de ocupação em leitos de UTI adulto nos últimos 30 dias. Os números confirmam o aumento de internações e pressão sobre hospitais e o sistema de saúde da Capital observado nos últimos dias.
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Em 19 de janeiro, a região da Capital vivia uma situação de mais estabilidade, com 68 leitos adultos livres entre os 206 existentes na ocasião, o que representava uma ocupação de 67%. Desde dezembro, o menor número de internação em UTIs adulto foi de 63%, registrado em 9 de janeiro.
Nesses últimos 30 dias, no entanto, os índices foram aumentando até chegarem à casa de 90% de ocupação no início desta semana, quando alguns hospitais já chegaram ter lotação de UTIs. Na manhã desta sexta-feira, o painel do Estado mostrava a ocupação em 88,6% (24 leitos livres entre os 212 existentes na região).
O boletim de quinta-feira (18) mostrava ocupação de UTIs adulto em 88,9% na Grande Florianópolis. Na quarta-feira, o percentual chegou a 93%, o maior índice registrado na região desde 9 de dezembro, data em que a região alcançou 96% de ocupação e chegou a ter apenas oito vagas em terapia intensiva. Os dados são dos boletins diários divulgados pelo governo do Estado e consideram a ocupação de leitos de UTI adulto, que atendem à maior parte das pessoas com complicações de Covid-19 que exigem internação em terapia intensiva.
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No início da semana, alguns hospitais públicos de Florianópolis chegaram a registrar 100% de ocupação de leitos adultos. Hospitais particulares da Capital também informam aumento nas internações – até a quarta-feira, dois das três principais unidades privadas tinham cenário de UTIs lotadas.
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Município discute medidas para conter crise
A situação da região fez a prefeitura anunciar uma compra de mais 10 leitos para eventual necessidade. Nesta sexta-feira, prefeitos de cidades da Grande Florianópolis se reúnem para discutir a ocupação de leitos de UTI e possíveis medidas contra a Covid-19. Nesta quinta, o Hospital Universitário anunciou o fechamento do atendimento de emergência respiratória. A unidade não conta com nenhum leito adulto de UTI disponível, segundo dados da manhã desta sexta-feira (19) do painel de leitos do governo do Estado.
A ferramenta Covidômetro, da prefeitura de Florianópolis, chegou a indicar na quinta-feira que a Capital teria chegado a 99% de ocupação nos leitos adultos, com apenas duas vagas disponíveis em um universo de 210 leitos. No entanto, há divergências entre esses dados e os números divulgados no mais recente boletim do Estado. Para a Secretaria Estadual da Saúde, havia nesta quinta 23 leitos vagos em 208 ativados na região.
A diferença pode ocorrer por distinções em alguns critérios das duas esferas de governo. O município, por exemplo, informa considerar “livres” apenas os leitos que possam ser usados de forma imediata, e que isso seria uma interpretação diferente em relação ao Estado. A ferramenta municipal também considera um número de leitos indisponíveis, que seriam reservados a pacientes que passam por outros procedimentos.
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Situação é reflexo da falta de medidas de restrição, diz especialista
O chefe do departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Fabrício Menegon, avalia que a situação atual de aumento na ocupação de UTIs é uma tragédia anunciada. Isso porque, segundo ele, existe uma dinâmica linear entre o aumento de casos de Covid-19 e o de formas graves da doença, que exigem internação e vagas na terapia intensiva.
– Já vínhamos falando que se não houvesse controle da disseminação do vírus, o próximo passo seria a superlotação de leitos de UTI – afirma.
Para o professor, a situação em regiões 1como a Grande Florianópolis e o Oeste resulta basicamente de dois fatores. Um deles é a desabilitação de leitos de UTI feita pelo governo do Estado entre outubro e novembro do ano passado, época de redução de casos. A medida é considerada equivocada pelo especialista.
– Agora o Estado quer habilitar esses leitos, mas enfrenta problemas porque precisa de equipe especializada, material, insumos. Uma série de coisas que não se resolve no prazo de uma semana – explica.
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O outro fator que explicaria o cenário atual de lotação em UTIs seria a falta de medidas de restrição para conter a circulação de pessoas e, consequentemente, do novo coronavírus.
– O que tem que ser feito é o que nunca se fez: atuar fortemente para a redução do avanço da epidemia. Leitos de UTI são parte da estratégia de enfrentamento, não podem ser tomados jamais como a estratégia em si. A estratégia é um conjunto de medidas de enfrentamento, e Isso se faz com medidas enérgicas, fechamento de atividades não essenciais, testagem em massa para isolar os casos positivos, monitorar os contatos. Temos sempre que lembrar que a epidemia cresce porque pessoas estão circulando, de maneira livre, não existe nenhuma barreira sanitária ou decreto que reduza fortemente essa circulação – aponta.
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Oeste de SC também tem UTIs próximas da lotação
O Oeste do Estado é outra região catarinense que também registra nas últimas duas semanas um cenário de aumento nas internações por Covid-19. Nesta região, pacientes estão sendo transferidos para hospitais de outras regiões devido à falta de vagas de UTIs. O governo do Estado promete a criação de mais 27 leitos até o fim desta semana. A prefeitura de Chapecó também anunciou algumas medidas de restrição para tentar frear o avanço da pandemia.
Em todo o Estado há aumento de internações e a ocupação de UTIs em SC já é a maior desde 22 de dezembro de 2020.
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