Grampos da Polícia Federal indicam que o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, tentou fazer negócios com a Construtora Leão & Leão, citada em denúncias envolvendo a administração do ex-ministro Antônio Palocci (PT) na Prefeitura de Ribeirão Preto.
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Nas escutas, o contraventor discute a compra de um terreno da empreiteira em Aparecida de Goiânia (GO), visado para a construção de um aeroporto com verba pública. Numa das conversas, ocorrida em 10 de agosto do ano passado, Cachoeira pede a um homem, responsável por estudos na área, dados sobre o terreno, de aproximadamente 30 alqueires, no Parque Industrial de Aparecida de Goiânia.
O objetivo era levar informações para uma reunião com o senador Demóstenes Torres (ex-DEM, sem partido-GO) e o prefeito da cidade, Maguito Vilela (PMDB). O interlocutor explica que o lote era da Leão & Leão, que se interessara pelo projeto do terminal aéreo. Ele ouve do contraventor que o senador já buscava verba para a obra.
– O Maguito estava conversando com o Demóstenes para mandar dinheiro para lá, R$ 40 milhões. O Demóstenes estava arranjando dinheiro para mandar – afirma Cachoeira, acrescentando que precisa saber se o empreendimento avançou nos órgãos federais de controle da aviação.
– Vou chamar você para a gente viabilizar isso aí junto com o Maguito.
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No mesmo dia, Cachoeira aciona aliados para levantar a situação do projeto na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e na Prefeitura de Aparecida de Goiânia.
– São 30 alqueires de terra, que estão pagando R$ 300 milhões. Vê se essa informação te interessa – diz um dos informantes, identificado como Mateus, ao contraventor.
Cinco dias depois, Cachoeira conversa com o ex-diretor da Delta Construções no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, sobre a compra do terreno.
– O Heraldo (Puccini Neto, ex-diretor no Sudeste) acabou de fazer um exame, vai encontrar com os caras da Leão & Leão. Contei para o Pacheco (Carlos Pacheco, ex-diretor executivo da construtora), o negócio da área… eu falei que você que estava comprando… ele está querendo entrar com você na compra da área – diz Abreu.
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Relatório do Conselho de Atividades Financeiras (Coaf) remetido à CPI do Cachoeira cita vínculo entre a Leão & Leão e o laboratório Vitapan, de propriedade de Cachoeira, segundo a PF. No documento, as empresas fizeram um negócio de R$ 10 mil em 2005, mas não cita a natureza da transação.
O jornal O Estado de S. Paulo não conseguiu falar na quarta-feira com representantes da Leão & Leão para confirmar se foi feito negócio com Cachoeira ou com a Delta. A Prefeitura de Aparecida de Goiânia informou que o prefeito Maguito Vilela nunca tratou do aeroporto com o contraventor e que a obra está em fase de projeto executivo. A Anac não se pronunciou.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.