O único representante catarinense da Série A no Campeonato Brasileiro de futebol deste ano é dono de um gramado que é só elogios. Com equipe exclusiva para cuidar do imenso tapete verde de 105 metros de comprimento por 70 metros de largura, o Figueirense investe no tratamento da grama espelhado na Europa, onde os campos são conhecidos como os melhores do mundo.

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Quem pisa, sente. A maciez do gramado do Estádio Orlando Scarpelli, no Estreito, região continental de Florianópolis, é um convite para os atletas do maior esporte popular do planeta. Diariamente, três pessoas doam seu tempo de trabalho para cuidar do palco, onde shows de bola são prestigiados por inúmeros torcedores e jogadores. Além deles, um especialista em gramados esportistas comanda todas as atividades desempenhadas no tapete, desde a irrigação à descompactação do solo.

O engenheiro agrônomo Jardel Luiz Gheller, 29 anos, especialista em gramados esportistas, é o responsável por toda a consultoria técnica de como transformar a grama em um belo tapete. Ele reforça que os dirigentes do clube investem alto em produtos especiais e importados.

– Além dos cuidados especiais com a grama, trabalhamos muito com prevenção. Temos que ficar em cima para ver se tem praga e se a grama está bem alimentada. É que nem cuidar de uma criança em desenvolvimento. Sem a devida atenção, ela não vai atingir seu potencial genético – explica Gheller.

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No estádio, o grande tapete é coberto por dois tipos de grama: a conhecida bermuda, que é produzida no Rio Grande do Sul e São Paulo, e a de inverno – PhD Ryegrass, importada dos Estados Unidos. A Ryegrass é plantada em cima da grama bermuda na grande área, fazendo com que o gramado fique mais verde e conservado no frio.

O investimento no gramado de inverno fez com que o Figueirense ocupasse a lista dos gramados mais bem cuidados do Brasil. No mês de agosto, o jornal Lance fez uma pesquisa de qualidade em 16 campos brasileiros, e o tipo de grama usada no Orlando Scarpelli foi citado como destaque.

Intensificação na qualidade

A intensificação na qualidade do gramado do Figueirense começou há dois anos, quando o gerente de administração, Anderson Fantini, assumiu o cargo. Desde então, contrataram o engenheiro agrônomo e ampliaram a equipe responsável pela grama. A movimentação foi incentivada por pesquisas e seminários sobre os melhores gramados. Além de almejarem serem base de treinamento para campeonatos mundiais e até olimpíadas.

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– O feedback de que nosso campo é um dos melhores do país é dado pelos próprios jogadores adversários que frequentam o estádio. Não tem um time que entrou aqui e não falou bem do gramado-afirma Fantini.

Tratamento VIP

Antes de cada jogo, os preparativos são voltados em aparar grama, fazer o desenho do campo, que dá o efeito visual das faixas intercaladas entre mais claras e mais escuras, e pintar as divisões das áreas. No estádio, há um canteiro de reposição de 100 metros quadrados que, nos intervalos do jogo, é usado para repor qualquer buraco criado pelos jogadores no primeiro tempo. Esse canteiro recebe os mesmo cuidados do gramado do Scarpelli. Ele foi criado há dois anos, também com o objetivo de dar mais qualidade às disputas esportivas. No dia seguinte após o jogo, a grama é aparada e os buracos são tapados por areia.

Com quatro máquinas para o tratamento vip do campo, Fantini explica que conseguem deixar o tamanho da grama preciso e com tamanho padrão de dois milímetros, o que a compara a um verdadeiro tapete. O equipamento mais top custou em torno de R$ 100 mil e foi importado dos EUA.

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– É uma honra sermos vistos como um dos melhores do Brasil, pois somos um time pequeno. Esse posto é resultado do carinho que temos com o nosso palco. Não há sequer um buraco na pequena área. Também não fazemos aquecimento dentro do campo – reforça.

Cuidados especiais

– Visita do engenheiro agrônomo três vezes por semana

– Corte do gramado três vezes por semana

– Análise do solo para identificação de nutrientes três vezes ao ano

– Aeração para oxigenação do solo, de uma a quatro vezes ao ano

– Descompactação para deixar o solo mais solto, de uma a quatro vezes ao ano

– Irrigação diária

– Aplicação de produtos para evitar pragas e doenças na grama, conforme necessidade

– Adubação, três vezes ao mês

– Corte vertical, para retirada de excesso de matéria orgânica, que prejudica a fotossíntese e o crescimento saudável da grama

O que dizem os jogadores

– O gramado do Scarpelli não deixa nada a desejar comparado a outros estádios do Brasil. Sem dúvida alguma é um dos melhores do país.

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Wilson Júnior – goleiro do Figueirense

– É um gramado sensacional. Estive na África do Sul com a seleção brasileira Sub-20 e jogamos em alguns estádios que foram utilizados na Copa de 2010. O gramado do Scarpelli está no mesmo nível.

Jean Deretti – meia do Figueirense

– Acho o gramado do Orlando Scarpelli muito bom. A bola rola sem nenhum tipo de problema. Está na minha lista dos melhores gramados do Brasil

Léo Moura – lateral direito do Flamengo

– Com certeza o gramado do Scarpelli está entre os três melhores do Brasil. A qualidade segue a mesma de quando eu joguei no Figueirense. O pessoal aqui no Fluminense sempre comenta sobre isso quando tem jogo lá

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Bruno – lateral do Fluminense