Pela quinta semana consecutiva, o governo adiou de novo a votação do reajuste das aposentadorias acima de um salário mínimo. A demora que se alojou na Câmara dos Deputados, além de irritar aliados do Planalto, ontem colocou em confronto senadores e deputados do mesmo partido.
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Enquanto líderes governistas defendem reajuste de 7% – superior à proposta inicial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 6,14% -, boa parte dos parlamentares insiste num aumento de 7,7%. Depois de passar pela Câmara, o projeto precisa ser aprovado no Senado, onde aliados de Lula aguardam com impaciência.
Em gráfico, veja como fica o seu reajuste, se sua aposentadoria é de dois ou mais salários mínimos

– A Câmara está empurrando com a barriga. Só enrola, enrola e nunca vota. Eles (os deputados) que votem do jeito que quiserem, que aqui a gente coloca os 7,7% – disse o senador Paulo Paim (PT).
O problema é que, na Câmara, ninguém quer votar um índice que, no Senado, pode ser ampliado depois. Deputados acreditam que essa mudança os apresentaria como vilões, em ano eleitoral. Ontem, o líder do governo na Casa, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), deixou uma reunião com senadores propondo que a votação fique para a próxima semana. Vaccarezza defendeu que é necessário entrar em consenso com o Senado.
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Lula ainda tenta enquadrar os aliados do Senado para prevalecer a proposta de 7%. Enquanto isso, cresce entre deputados a suspeita de que o governo pretende deixar a medida provisória perder a validade no dia 1º de junho. Sem a votação, o presidente editaria outra medida com novo índice. Nesse caso, a votação da nova MP ficaria para outubro, depois das eleições.