À primeira vista, a movimentação intensa de pessoas pelo calçadão Túlio Fiúza de Carvalho, no centro de Lages (SC), indica que a rotina de pedestres e comerciantes da região já está de volta ao normal neste sábado (2). Lojas abriram as portas como de costume e feirantes assumiram os lugares de sempre. Mas não há outro assunto nas esquinas e rodas de conversa do calçadão: só se fala no caso do motorista que provocou um atropelamento coletivo na sexta-feira (1º).
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Figura já conhecida do local, onde vende picolés no mesmo ponto com um carrinho há 13 anos, Alcindo de Lima, 67 anos, ganhou ainda mais acenos e cumprimentos neste sábado. Isto porque o Sandero desgovernado atingiu em cheio o carrinho dele ao fazer uma curva para sair do calçadão. Imagens de uma câmera de monitoramento registraram o momento da colisão. O carrinho foi parar no meio da rua, mas o picolezeiro, que estava em um banquinho, não chegou a ser atropelado.
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Seu Alcindo não sabe explicar ao certo se caiu com o impacto ou se jogou no chão por reflexo, mas agradece por ter escapado praticamente ileso.
— Só bati o joelho no meio-fio. Até quiseram me atender, mas não precisava. Estava com o corpo quente e não sentia nada. Agora dói um pouquinho, mas graças a Deus minha esposa não estava junto — relembra.
A mulher dele, Helena Maria, costuma encontrá-lo para levar o almoço. Naquela hora, diz Alcindo, ela havia acabado de descer a rua para fazer compras.
Passado o susto, o picolezeiro fez questão de ocupar o mesmo local de sempre neste sábado. Só mudou de carrinho porque o do dia anterior ficou danificado.
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— A partir de agora, ele vai ter que usar retrovisor — brincou um dos clientes que o cumprimentou neste sábado.
Uma vítima permanece internada
O policial militar Joel Alves de Souza, 48 anos, que foi atingido e arrastado quando tentou impedir a fuga do veículo, recebeu alta por volta do meio-dia deste sábado — as outras quatro vítimas, que tiveram apenas ferimentos leves, já haviam recebido alta.
Motorista é sepultado
O motorista do Sandero, Giovanni Oliveira Fornari, 41 anos, foi sepultado no começo da manhã deste sábado, no cemitério Parque da Saudade, em Lages. A cerimônia foi rápida e contou com a presença de um pequeno grupo de pessoas. Com medo de que houvesse manifestações de hostilidade, familiares pediram à funerária e à administração do cemitério que o horário e o local não fossem divulgados com antecedência.
Govanni foi baleado no abdômen após ter cometido os atropelamentos no calçadão. Ele estava em fuga e, conforme a PM, recebeu o disparo quando tentou atacar policiais com uma faca. Morreu ainda na tarde de sexta, no hospital.
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A investigação preliminar do caso, conforme a Polícia Civil, considera a hipótese de que o crime teve motivação passional.