Valmor dos Santos, de 33 anos, foi soterrado na quinta-feira à tarde enquanto cavava uma vala em uma obra em Xanxerê, Oeste catarinense. Lama e pedras deslizaram sobre o funcionário de uma empreiteira responsável pela rede de esgoto na construção no Centro da cidade. Durante 50 minutos, Santos respirou por uma fenda de terra enquanta rezava e pensava em abraçar a família.

Continua depois da publicidade

Diário Catarinense Recuperado do susto?

Valmor dos Santos Um pouco, mas o importante é que estou bem de vida e saúde.

DC Foi uma situação difícil que você passou.

Continua depois da publicidade

Santos – Passei um sufoco, me salvei graças aos companheiros e bombeiros.

DC – Como foi que aconteceu?

Santos – Eu estava instalando uma tubulação e só vi quando desabou.

DC – Você não ouvi nenhum barulho?

Santos – Só percebi quanto estava soterrado. Era bastante lama e barro.

DC – O que você fez?

Santos – Só pedi ajuda.

DC – Como você fez para respirar?

Santos – Logo meus companheiros puseram um dreno.

DC – Quanto tempo isso levou?

Santos – Foi só um minutinho.

DC – Mas a terra não cobriu seu rosto?

Santos – O barro estava pelo pescoço. Mas ficou um espaço, acho que a pedra escorou parte da terra, e a mão direita ficou solta, daí eu conseguia tirar a lama do rosto.

DC – Você conseguia então se comunicar com o pessoal?

Santos – Eu chamava os companheiros e conversava com eles.

DC – A pedra ajudou a te salvar?

Santos – A pedra ajudou e eu estava com os equipamentos de proteção, caso contrário não sei se estaria vivo.

DC – Mas agora você está bem?

Santos – Estou bem, estou firme, caminhando.

DC – O que você mais queria durante esse tempo em que ficou soterrado?

Santos – O que eu mais queria era sair, toma um banho e ver minha família. Todo mundo ficou abalado.

Continua depois da publicidade

DC – O que passou pela sua cabeça durante esse tempo?

Santos – Passou que eu queria minha liberdade, pedi a Deus que me ajudasse.

DC – Você também é devoto de Nossa Senhora Aparecida, rezou para ela também?

Santos – Sim, ela sempre me protege. Tenho uma imagem dela na frente da minha casa que sempre levo para onde vou.

DC – Como foram aqueles 50 minutos que você ficou soterrado?

Santos – Foi angustiante, eu só pensava em sair. Queria abraçar minha família, meus companheiros. Quando vi minha mulher chorando queria sair e abraçá-la.

DC – Você vai voltar a entrar numa vala ou vai ficar com receio?

Santos – Tenho que trabalhar.

DC – O que você tem a dizer de tudo isso?

Santos – Graças a Deus estou vivo.