O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, anunciou nesta quarta-feira o cancelamento do edital do programa Ciência sem Fronteiras para Portugal. As universidades portuguesas serão suspensas neste semestre do programa. Segundo o ministro, a intenção é que os candidatos aperfeiçoem ou aprendam uma segunda língua.

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– Os estudantes têm que enfrentar o desafio da segunda língua. Por isso todos foram convidados a migrar para outros países.

No início de março, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) havia anunciado que os estudantes inscritos para bolsas de estudos em Portugal poderiam transferir as inscrições para os Estados Unidos, o Reino Unido, a Austrália, o Canadá, a França, a Alemanha, a Itália ou para a Irlanda. Segundo a autarquia, foram 9.691 candidatos que apresentaram notas acima de 600 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), qualificação condizente com os critérios do programa. A justificativa foi de que “não é viável alocar esse elevado número de estudantes nas instituições portuguesas”.

O governo decidiu fechar as vagas. De acordo com balanço do ministério da Educação (MEC), 600 estudantes ainda não efetuaram a transferência. Eles terão o prazo aproximado de 10 dias para escolher um outro país de destino ou desistir da participação.

– Como vão para outros países, eles terão cursos de outro idioma, isso tem que ser planejado antecipadamente, eles devem decidir o mais rápido possível – disse o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva.

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Mercadante anunciou, também, a aprovação de 17.282 bolsas para o programa. A lista dos estudantes contemplados será divulgada no site da Capes e do CNPq. Além dessas bolsas, serão concedidas ainda neste semestre bolsas de estudos para editais que ainda estão abertos e para os 600 estudantes que escolheram Portugal com destino. Ao todo, diz o ministro, o Ciência sem Fronteiras atingirá o patamar de 41.133 bolsas, sem contar com os editais que serão lançados no segundo semestre. A meta para 2013 é conceder 45 mil bolsas.

– O problema não é a meta. A demanda é alta e o potencial dos estudantes é alto. Estamos em abril e praticamente já cumprimos a meta. Temos excelentes alunos nas escolas públicas, que vão muito bem no Enem, mas que não tiveram a oportunidade de viajar e conhecer uma segunda língua. Não vamos deixá-los para trás- diz Mercadante.

O ministro esclareceu também que estudantes que participam de outros programas de intercâmbio, como o Programa Conjunto de Bolsas para realização de Doutorado Integral, Doutorado Sanduíche e Duplo Doutorado na República Federal da Alemanha (Capes/DAAD/CNPq), nas áreas contempladas pelo Ciência sem Fronteiras podem ser incluídos no programa.

– Não há sentido ter dois programas concorrentes. Os próprios estudantes querem ir para o Ciência sem Fronteiras, as exigências são as mesmas de outros editais, mas as condições são melhores.

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A transferência, de acordo com o ministro, possibilita a abertura de mais recursos que podem ser usados em programas que contemplem a área das humanas – que não está incluída no Ciência sem Fronteiras.

O programa

O Ciência sem Fronteiras é um programa governamental que oferece bolsas de estudo no Exterior. O objetivo do programa é promover a mobilidade internacional de estudantes e pesquisadores e incentivar a visita de jovens pesquisadores altamente qualificados e professores sêniors ao Brasil. A meta é qualificar 101 mil estudantes e pesquisadores brasileiros até 2015. O programa oferece bolsas nas seguintes áreas prioritárias: ciências exatas – matemática, química e biologia-; engenharias; áreas tecnológicas e da saúde.