Escaldada pelas fortes críticas, a equipe econômica do governo nacional começou nos últimos dias uma nova estratégia para definição da meta fiscal da União, de modo a evitar novos atritos com o mercado financeiro no ano em que a presidente Dilma Rousseff tentará se reeleger. Em consultas a economistas do setor privado, o governo fez uma sondagem coletando os valores da meta fiscal e do corte do Orçamento que seriam aceitos como “críveis” pelo setor privado.
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Governo usou dinheiro do fundo da aviação civil para fechar metas fiscais de 2013
Segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, a sondagem foi feita pela área do secretário de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, Márcio Holland. Técnicos da SPE e o próprio secretário têm ligado para os analistas para sondar sobre as expectativas em relação à gestão da política fiscal. A equipe do secretário fez um amplo relatório que será encaminhado para a presidente Dilma Rousseff e servirá para embasar a decisão sobre o primeiro relatório de reprogramação financeira de receitas e despesas do Orçamento, documento que funciona como o mais importante sinal fiscal do ano.
Com o retorno do ministro da Fazenda, Guido Mantega, das férias, as discussões sobre a política fiscal a ser implementada em 2014 começaram na segunda-feira. A meta em discussão está entre 1,7% e 1,9% do PIB, que seria o máximo possível na atual conjuntura. Não está descartado que o anúncio seja de 2% do PIB, valor mais próximo ao que o mercado deseja, o que seria atingido com um bloqueio maior de despesas do Orçamento.
Segundo uma fonte, o secretário Holland está bem ativo nessa tarefa de “convencimento” do mercado e vem ocupando um espaço importante dentro do governo na tarefa de reforçar a credibilidade e afastar o risco de rebaixamento da nota – área do secretário do Tesouro, Arno Augustin. O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dyogo Oliveira, também saiu em campo publicamente para falar sobre a política fiscal e sobre as expectativas do governo para 2014.
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Do mercado, a área econômica tem ouvido sobre a importância de focar muito mais na qualidade do que na quantidade do resultado. E que não daria muito certo anunciar um contingenciamento grande, mas baseado em gastos obrigatórios.
Analistas ouvidos pelo governo têm citado que é melhor anunciar um corte mais próximo de R$ 30 bilhões, mas com uma consistência maior, do que se comprometer com cifras muito mais altas, mas que não resistiria à primeira coletiva de imprensa.
A percepção de outro analista foi de que o governo está querendo “modular expectativas”, para fazer com que o pronunciamento do contingenciamento e da meta fiscal de 2014 seja um sucesso. A fonte disse que Holland não deu nenhuma sinalização, mas deu a entender que o governo está buscando a “maior meta possível” – ou seja, que não vai fazer loucuras.