O governo sírio voltou a bombardear, nesta quarta-feira (7), o território rebelde de Ghuta Oriental, perto de Damasco, intensificando ataques que já deixaram mais de 120 mortos em três dias.

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Trata-se de um dos balanços mais elevados em sete anos de guerra.

De uma intensidade pouco habitual, esses bombardeios aéreos acontecem no momento em que surgem novas suspeitas sobre o uso de armas químicas e de cloro, em particular, por parte do governo de Bashar al-Assad.

Apenas na terça-feira, os bombardeios sobre essa região mataram 80 civis, afirmou a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

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“É o dia mais sangrento em nove meses em toda Síria, e um dos mais letais em vários anos na Ghuta Oriental”, afirmou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

Entre os mortos, estão 19 crianças e 20 mulheres, relatou Abdel Rahman, acrescentando que são quase 200 feridos.

Nesta quarta, o céu voltou a rugir em várias localidades, especialmente Hamuriye e Beit Sawa, e 15 civis perderam a vida, indicou o OSDH.

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Em Duma, a maior cidade de Ghuta, os hospitais estavam lotados com o volume de feridos.

“Por favor, dissolvam todas as concentrações e liberem as ruas”, anunciavam os alto-falantes das mesquitas da cidade.

– ‘Linha vermelha’? –

Com cerca de 400.000 habitantes sitiados pelas forças do governo Al-Assad desde 2013, Ghuta Oriental é uma das quatro zonas de desescalada estabelecidas no ano passado na Síria.

O cessar-fogo é letra morta. Na segunda-feira (5), os ataques aéreos e os disparos de artilharia já haviam matado 31 civis.

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A guerra que arrasa a Síria desde 2011 foi-se complicando progressivamente em um terreno cada vez mais fragmentado e deixou mais de 340.000 mortos.

E, agora, ressurge a suspeita do uso de armas químicas.

Hoje, a Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) afirmou que está investigando as informações sobre esse tipo de ataque na Síria por parte de Damasco.

“As alegações recentes referentes ao uso de armas químicas na Síria continuam sendo uma fonte de grave preocupação”, e a Opaq “estuda todas as alegações críveis”, informou a organização internacional, com sede em Haia.

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O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, disse que “várias indicações” confirmariam a hipótese de “uma utilização de cloro pelo regime” sírio.

O chanceler não fez, porém, qualquer alusão a eventuais represálias da França, se esses ataques se confirmarem. Em maio de 2017, o presidente francês, Emmanuel Macron, delimitou uma “linha vermelha” sobre o assunto.

Nas últimas semanas, o governo teria lançado dois ataques químicos: um, em Saraqeb, uma localidade da província de Idlib (noroeste), onde foram registrados 11 casos de asfixia, segundo o OSDH; e o outro, em Ghuta Oriental.

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Em 22 de janeiro, o OSDH informou a ocorrência de 21 casos de asfixia. Moradores da região e fontes médicas falaram de um ataque com cloro.

– ‘Campanha de propaganda’ –

“Há provas evidentes” para confirmar o recurso ao cloro, disse na segunda-feira a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley.

O Departamento de Estado americano afirmou ter registrado seis ataques suspeitos na Síria nos últimos 30 dias.

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Na terça-feira, a ONU anunciou ter aberto uma investigação sobre o uso de armas químicas e pediu um cessar-fogo de um mês no conjunto do território sírio.

Aliado do governo de Bashar al-Assad, Moscou denunciou uma “campanha de propaganda” destinada a “acusar o governo sírio” de ataques, cujos responsáveis não foram identificados.

Já Damasco negou categoricamente o uso de armas químicas.

Nesta quarta, o Exército sírio anunciou ter interceptado e destruído mísseis israelenses disparados de uma posição militar em Jamraya, perto de Damasco.

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* AFP