O governo anunciou, na noite de terça-feira, que vai enviar mais 120 homens da Força Nacional de Segurança Pública para reforçar a segurança nas obras de construção da Usina Hidrelétrica Jirau.
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Conforme o Ministério da Justiça confirmou posteriormente, o reforço soma-se aos 100 homens da Força de Segurança que já atuam na região do Rio Madeira, em Rondônia, onde a obra está sendo realizada. O ministério informou ainda que, em Jirau, a tropa atua sob determinação da Polícia Militar do estado.
A informação foi dada depois da primeira reunião Mesa Nacional Permanente para o Aperfeiçoamento das Condições de Trabalho na Indústria da Construção, realizada na tarde de hoje, no Palácio do Planalto.
– Cabe ao governo agora promover e dar segurança para que os noventa e tantos por cento dos trabalhadores que resolveram voltar ao trabalho possam fazê-lo sem correr riscos – disse o assessor da secretaria geral da Presidência da República, José Lopes Feijó, porta-voz da iniciativa.
A Construtora Camargo Corrêa, contratada pelo consórcio de Jirau para construção das obras civis da usina, informou por meio de nota que, na madrugada, voltaram a ocorrer atos de vandalismo no canteiro de obras. Segundo a empresa, houve incêndio e depredação em cerca de 30 unidades de alojamentos dos trabalhadores, aproximadamente 30% do total. De acordo com a construtora, não houve vítimas.
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O conflito ocorre após paralisação de 26 dias, provocada por uma greve que foi julgada ilegal pela Justiça do Trabalho. José Lopes Feijó considerou que houve uma decisão dos trabalhadores em assembleia pela volta ao trabalho e atribuiu os incêndios a um grupo restrito de trabalhadores.
– Um pequeno grupo, um grupo restrito resolveu impedir que a vontade democrática dos trabalhadores estabelecida em assembleia se concretizasse. Trata-se, portanto, de se estabelecer parâmetros de segurança no sentido de que aquela decisão que foi tomada pelos trabalhadores não seja objeto de impedimento por parte de um grupo que resolveu praticar atos de vandalismo – observou Feijó.
De acordo com o assessor, com relação às obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará, a única reclamação dos trabalhadores apresentada na reunião desta terça-feira referia-se à forma como tem ocorrido o pagamento dos salários. Segundo os representantes dos trabalhadores, os vencimentos estão sendo pagos ao mesmo tempo para todo grupo em um local improvisado, onde funciona uma danceteria.
Decisão em assembleia
A decisão, aceita pela maioria dos trabalhadores de Jirau e pela unanimidade dos trabalhadores da Hidrelétrica Santo Antônio, também no Rio Madeira, prevê o aumento de R$ 170 para R$ 220 da complementação da cesta básica, para os trabalhadores que recebem até R$ 1,5 mil mensais. E para quem ganha mais de R$ 1,5 mil por mês um aumento de R$ 200 na cesta básica. As obras das usinas ficaram paralisadas durante 26 dias.
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O presidente da Confederação dos Trabalhadores na Indústria da Construção e Madeira, Cláudio Gomes, disse que o incêndio ocorrido na madrugada de terça-feira em 37 alojamentos da obra da Hidrelétrica Jirau, no Rio Madeira (RO), foi criminoso.
Segundo Gomes, o incêndio foi provocado por empregados insatisfeitos com o resultado da assembleia de ontem dos trabalhadores, na qual foi aprovado o acordo acertado na negociação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
– Eles não acataram a decisão. Não respeitaram a vontade da maioria – afirmou Gomes.
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil de Rondônia, Raimundo Enelson, os envolvidos são de um grupo minoritário que agem ‘por algum interesse que não sabemos qual’.
Enelson estima que 5,6 mil trabalhadores foram afetados. Cerca de 7 mil trabalhadores estavam nos alojamentos da obra. A empresa disse que, no momento, ‘o clima é de estabilidade e controle’, e que os esforços ‘estão concentrados na mobilização de recursos para a retirada com segurança dos trabalhadores que desejam deixar o canteiro de obras, cerca de 3 mil pessoas’.
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