Escolhido por Dilma Rousseff para tentar estancar a crise política no Congresso, Ricardo Berzoini (PT-SP) toma posse hoje como ministro de Relações Institucionais com estratégia definida para impedir a instalação da CPI da Petrobras no Senado.

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Antes que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMSDB-AL) leia o requerimento em plenário, o que pode ocorrer hoje, o Planalto deflagrou uma ofensiva para pressionar a base aliada a retirar o apoio à investigação.

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Três senadores da base aliada subscreveram o pedido: Sérgio Petecão (PSD-AC), Eduardo Amorim (PSC-SE) e Clésio Andrade (PMDB-MG). Caso eles voltem atrás, a oposição teria 26 adesões, uma a menos do que o necessário.

Nesta segunda-feira, Berzoini comandou uma reunião com líderes da base aliada para discutir a estratégia. Caso não seja possível blindar a Petrobras da investigação parlamentar, o plano B é propor a ampliação do escopo da CPI a fim de apurar gestões do PSDB e do PSB, principais partidos rivais na eleição presidencial.

Mas a ampliação do tema que poderá ser investigado – incluindo denúncias de formação de cartel e fraudes em licitações de trens em São Paulo e Porto de Suape, em Pernambuco – ainda não é consenso e pode até parar na Justiça, o que levaria ao adiamento da criação da CPI por tempo indeterminado.

Líder petista no Senado, Humberto Costa (PE) observou que, por conta do tamanho da bancada, o PT teria o direito de comandar um dos dois principais cargos na comissão. Hoje, o partido conta com 13 senadores e, por isso, exige o poder de fazer a segunda escolha na direção da CPI, logo após o PMDB.

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– Por maioria, temos o direito de indicar o presidente ou o relator (da comissão) – destacou Costa.

Principal líder da oposição no Senado e pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves (MG) chamou de “chantagem” a ameaça de aliados do governo de ampliar o escopo da investigação e, mais uma vez, defendeu uma CPI restrita à Petrobras.

Ele ainda comentou sobre uma possível troca de Dilma por Lula como candidato do PT na eleição:

– Para mim, não importa. Quero é derrotar esse modelo político.

Estatal afirma não ter encontrado indícios de propina paga pela SBM

A Petrobras disse nesta segunda-feira que a comissão de apuração interna responsável por investigar suposto escândalo de propinas pagas pela fornecedora holandesa SBM Offshore, “não encontrou fatos ou documentos que evidenciem pagamento de propina a empregados” da empresa.

A comissão foi instaurada após o depoimento de um homem que seria ex-funcionário da SBM, segundo o qual a empresa holandesa pagou propinas no valor de U$S 275 milhões, em sete países. Um dos destinos seria a Petrobras. Servidores da estatal teriam recebido US$ 139 milhões entre 2007 e 2011.

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A empresa informou ter enviado esclarecimentos à Controladoria-Geral da União e ao Ministério Público Federal, que investigam o caso. Em nota, a SBM afirmou que abriu comissão para apurar o episódio e prometeu divulgar o resultado em breve.

Nesta segunda-feira, reportagem do jornal O Estado de S. Paulo apontou que US$ 85,1

milhões foram pagos pela Petrobras à Astra Oil, em fevereiro de 2007, para garantir à então sócia da estatal na refinaria e na trading de Pasadena um lucro mínimo com o negócio.

O pagamento, que elevaria o custo total da aquisição para cerca de US$ 1,26 bilhão, foi confirmado em memorando da Astra à Receita Federal americana, apresentado em um dos processos judiciais envolvendo as duas empresas.