– Essa imagem é muito forte, muito poderosa – diz o secretário Antonio Gavazzoni, enquanto segura um papel com gráfico desenhado.

Continua depois da publicidade

Os números que impressionam o titular da Fazenda comparam o que a Previdência estadual arrecada com o valor total pago aos aposentados e pensionistas de SC. Em 2014, o valor alcançado pelas contribuições dos ativos e inativos somaram R$ 1,6 bilhão para uma conta final de R$ 4,2 bilhões.

Leia mais:

Estado propõe mudanças nos benefícios do funcionalismo público

Servidores aguardam proposta de reforma para negociar com Estado

Continua depois da publicidade

Reações negativas fazem governo rever as reformas no funcionalismo

Os R$ 3,5 bilhões que faltaram saíram direto do caixa do governo estadual (R$ 900 milhões referem-se à contrapartida patronal). Na ponta do lápis, o valor é equivalente a tudo o que foi gasto em 2014 com a saúde. Como a tendência é que a disparidade continue aumentando, Gavazzoni não tem dúvidas em duas afirmações. A primeira, que a previdência é o principal problema do Estado. A segunda, que o rombo não tem solução.

Se o passado é insolúvel, todas as tentativas de mudança miram o futuro. Foi o que aconteceu em 2008, quando o mesmo Gavazzoni, secretário de Administração do governo Luiz Henrique da Silveira (PMDB), capitaneou a primeira reforma da Previdência. Na época, o antigo Ipesc foi transformado em Iprev e um novo fundo de previdência foi constituído para separar os servidores contratados a partir de então – separando-os do antigo fundo que já apresentava prejuízo anual de R$ 1,1 bilhão. Nesse novo modelo, os valores arrecadados com as contribuições patronal e dos servidores também passaram a ser capitalizados no mercado financeiro.

Desde a reforma, o Estado convive com dois tipos de previdência. Do antigo grupo fazem parte 115,2 mil pessoas, entre funcionários contratados antes de 2008, aposentados e pensionistas. O mais recente tem os 13,7 mil servidores ativos, nove aposentados e 11 pensionistas. Para eles, já existe uma poupança de R$ 500 milhões.

Passados sete anos, Gavazzoni comanda junto com o Iprev os estudos para mais uma reforma no sistema previdenciário do Estado. A estratégia é a mesma: em uma primeira etapa constituir um grupo com representantes dos demais poderes para chegar a uma fórmula conjunta; depois abrir as negociações com os sindicatos.

Continua depois da publicidade

– Vamos conversar com os sindicatos de forma muito madura, sem prato pronto. Respeitando toda a massa de servidores e seus direitos adquiridos, fazer um modelo para frente.

Na mesa, devem estar duas possibilidades. A criação de um fundo complementar para os futuros servidores. Quem for contratado após a reforma, teria o teto de aposentadoria do setor privado: R$ 4,6 mil. Quem quisesse receber mais precisaria aderir ao fundo complementar.

O outro ponto em estudo é ainda mais polêmico: aumentar o percentual da contribuição dos atuais aposentados e servidores para a previdência. Hoje, são descontados 11% dos inativos e, passando para 14%, resultaria em uma economia de R$ 150 milhões. A medida encontra resistência em setores do próprio governo, que consideram uma economia pequena para o desgaste a ser enfrentado.