Delegados do governo e da oposição da Venezuela viajaram nesta quarta-feira à República Dominicana convidados pelo presidente dominicado para tentar empreender um diálogo que solucione a grave crise política venezuelana.

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A convite de Danilo Medina e do ex-chefe de governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, o presidente venezuelano Nicolás Maduro deu seu aval ao diálogo, enquanto a oposição anunciou de imediato o envio de delegados a Santo Domingo.

“O governo da Venezuela enviará uma comissão de diálogo liderada por Jorge Rodríguez (dirigente chavista); sim, vai haver diálogo”, confirmou Maduro ainda na noite de terça, durante uma reunião com seu gabinete.

Maduro saudou ainda “o passo da oposição” e disse esperar que cumpra sua palavra.

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Os delegados opositores da Mesa da Unidade (MUD) já se encontram na República Domincada, segundo informou uma fonte à AFP.

Entre eles se encontram Julio Borges – presidente do Parlamento de maioria opositora-, os deputados Eudoro González e Luis Florido e os dirigentes Gustavo Velásquez e Timoteo Zambrano, que se reunião com Medina.

Maduro delegou sua representação ao dirigente Jorge Rodríguez, coordenador da equipe que participou um diálogo fracassado no final de 2016.

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Borges advertiu nesta quarta que um diálogo formal só será possível se Maduro cumprir com as exigências da MUD e se houver um acompanhamento internacional.

Entre essas exigências, o Parlamento enumerou um cronograma eleitoral, que inclua presidenciais até o final de 2018, a libertação de 590 presos políticos e o respeito ao Legislativo.

Mas, segundo o delegado de Maduro, governo e oposição estão perto de alcançar acordam que permitam iniciar um diálogo.

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“Posso dizer que muitos dos pontos que estão na agenda e que certamente serão discutidos hoje, por isso estamos muito perto de conseguir”, declarou Jorge Rodríguez, que estava acompanhado de sua irmã, Delcy Rodríguez, presidente da Assembleia Constituinte que governa Venezuela com poderes absolutos, além do experiente diplomata Roy Chaderton.

O comunicado da véspera emitido pela MUD foi enfático em estabelecer que, apesar de ter sido “decidido enviar uma delegação para se reunir com o presidente Medina (…) o convite do presidente Danilo Medina NÃO representa o início de um diálogo formal com o governo”.

Tanto o governo como a MUD conduziram com discrição os detalhes de sua participação nas conversações.

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Consultados pela AFP, dirigentes opositores preferiram não se pronunciar até que sejam dados os primeiros passos nos diálogos em Santo Domingo.

– ONU e Vaticano –

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, por sua vez, manifestou seu “pleno apoio” à iniciativa de um diálogo na Venezuela, destacando que a crise naquele país exige uma “solução política baseada no diálogo”.

Guterres exortou o governo e a oposição a “aproveitar esta oportunidade para demonstrar seu compromisso em abordar os desafios do país através da mediação e de meios pacíficos”.

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Desde que Maduro assumiu o poder, em 2013, as partes já tentaram negociar em duas ocasiões, sem sucesso.

No final de 2016, Zapatero e os ex-presidentes Leonel Fernández (República Dominicana) e Martín Torrijos (Panamá) – com o apoio do Vaticano – promoveram um diálogo que fracassou, em meio a acusações de governo e oposição.

“Para um diálogo devem estar envolvidos o Vaticano, a ONU, os governos democráticos com peso no mundo e haver uma agenda clara e com garantias. Se isto é possível? Maduro tem a resposta”, declarou o líder opositor Henrique Capriles.

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Na segunda-feira, o papa Francisco pediu às Nações Unidas que ajudem a Venezuela ante a crise que o país enfrenta.

* AFP