Ainda não passaram os efeitos dos problemas financeiros da Grécia e agora foi a vez de a Hungria admitir que a economia do país está em “situação grave”. O reflexo foi imediato no mercado financeiro mundial: as bolsas caíram da Ásia às Américas, e o euro registrou a pior cotação em quatro anos, fechando o dia abaixo de US$ 1,20 nas negociações em Nova York.
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Desta vez, o temor começou com declarações de integrantes do governo húngaro que assumiu no fim de maio. Conforme o vice-presidente do Fidesz (partido da situação), Lajos Kosa, a nova administração encontrou as finanças públicas em situação pior do que a esperada. Dessa forma, acrescentou, haveria uma chance pequena de evitar um cenário igual ao grego. As declarações foram dadas na quarta-feira.
Ontem, Peter Szijjarto, porta-voz do primeiro-ministro Viktor Orban, empurrou o problema para o governo anterior, lembrando que já circulava a informação sobre a adoção de moratória. Szijjarto também disse que houve falsificação de dados econômicos.
Desde que assumiu, o novo governo de centro-direita alertou que o déficit de 2010 poderá ser muito superior à meta acordada de 3,8% do PIB, culpando “esqueletos fiscais?? deixados pelo governo anterior. Na sequência, na tentativa de acalmar o mercado, o Banco Nacional da Hungria (BC do país) entrou em cena assegurando que a economia teve crescimento e deve continuar com números positivos.
No final das sessões, a Bolsa de Budapeste afundou 6,37%, Wall Street perdeu 3,16% e a Bovespa caiu 2,02%.
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Além de afetar o desempenho de bolsas e moedas, as declarações dos políticos húngaros foram recebidas com preocupação pelo mercado.
– O governo está entrando em um jogo muito perigoso com a confiança dos investidores – alertou Timothy Ash, do Royal Bank of Scotland. – Pode haver a tentação de falar sobre risco de moratória para trabalhar internamente expectativas sobre a necessidade de austeridade fiscal, mas isso não soa bem com os investidores.
Não bastassem as declarações, o novo governo, eleito com ampla vitória, irá divulgar neste fim de semana uma avaliação inicial sobre a condição do orçamento do país. Integrante da União Europeia, a Hungria, diferentemente da Grécia, não faz parte da zona do euro. Em outubro de 2008, depois do início da crise financeira global, a Hungria, país de 10 milhões de habitantes, recebeu empréstimo de 20 bilhões de euros do Fundo Monetário Internacional, da União Europeia e do Banco Mundial para salvar o país da falência.
Euro perde ainda mais terreno frente ao dólar
A abertura de vagas temporárias no mercado de trabalho dos EUA e o temor de que a crise relacionada a dívidas soberanas estaria se espalhando na Europa levaram investidores a evitar ativos considerados arriscados.
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Elo fraco nessa corrente, o euro ficou operando abaixo de US$ 1,20. O declínio foi motivado também por preocupações de que a Hungria será o próximo país europeu a passar por uma crise de endividamento.
Com dúvidas sobre o ritmo de recuperação da economia global, investidores acabaram direcionando seus negócios para moedas mais seguras, como dólar e iene. Desde o começo do ano, o euro caiu mais de 15% ante o dólar.
Nos EUA, em maio foram gerados 431 mil postos, o maior número desde 2000. Porém, a maior parte foi contratação para o censo que o governo realiza. Foram 411 mil pessoas. O próprio governo reconhece que as contratações são temporárias e de curta duração, o que significa que as pessoas logo voltarão a buscar emprego.